Denunciando a violência contra mulheres palestinas na Faixa de Gaza em meio à ofensiva israelense, a Rede Não Cala, formada por docentes e pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), lançou uma nota nesta segunda-feira (11/03) contra o genocídio de palestinas perpetrado por Israel.
O coletivo menciona demais situações precárias as quais as mulheres palestinas estão submetidas, como a utilização de medicamentos para interromper a menstruação, considerando a precariedade para os cuidados e falta de acesso a itens de higiene pessoal em meio à guerra.
Segundo as estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), 700.000 mulheres e meninas em Gaza têm ciclos menstruais, e estão tentando gerir seus períodos “com pouca privacidade ou acesso a absorventes, banheiros e água limpa”. Ainda segundo a ONU, há em média apenas um banheiro a cada 486 pessoas.
“Os partos têm sido realizados em situações arriscadas, sem anestesia, e elas têm somente panos sujos para limpar o sangue dos seus corpos. E a desnutrição e as doenças têm deixado ainda mais vulneráveis essas mulheres, muitas com membros decepados, e que tiveram filhos, maridos, pais e irmãos assassinados”, ainda enumera a nota na Rede Não Cala.
Lembrando que dos 30 mil mortos na Faixa de Gaza, nove mil são mulheres e 13 mil crianças, a Rede Não Cala instou a importância da vida de todas as mulheres “sejam elas judias, indígenas, negras ou trans”.
“Neste Ramadã, momento sagrado para os muçulmanos (como o Natal para os cristãos e o Yom Kipur para os judeus), queremos fazer um apelo pela paz e nos unir às demais vozes, de dentro e de fora da Universidade de São Paulo, que exigem o cessar-fogo imediato e a entrada da ajuda humanitária na Faixa de Gaza”, concluiu o documento.
Leia a nota na íntegra:
A REDE NÃO CALA vem a público se manifestar contra o genocídio de palestinas que vem sendo perpetrado pelo Estado de Israel durante os últimos cinco meses. Foram exterminadas 30 mil pessoas palestinas, das quais 9 mil são mulheres, 13 mil crianças, deixando mais de 68 mil feridos e mais de 7 mil desaparecidos sob os escombros. Não são números, são pessoas. Os bombardeios constantes pelo exército de Israel destruíram hospitais, escolas, universidades, igrejas e mesquitas, deixando 80% das casas em Gaza arruinadas e provocando uma migração forçada de 2 milhões de pessoas.
Desde outubro de 2023 as mulheres foram obrigadas a fazer uso de medicamentos para não menstruar, considerando a precariedade para os cuidados com a higiene. Os partos têm sido realizados em situações arriscadas, sem anestesia, e elas têm somente panos sujos para limpar o sangue dos seus corpos. A desnutrição e as doenças têm deixado ainda mais vulneráveis essas mulheres, muitas com membros decepados, e que tiveram filhos, maridos, pais e irmãos assassinados. Senhoras são obrigadas a dividir espaço com várias pessoas, muitas delas desconhecidas, e por isso passam o tempo todo usando o lenço (hijab) – mulheres muçulmanas só retiram seus lenços dentro de sua casa e na frente de
parentes próximos (filhos, marido, pai, tios).
Para nós, mulheres da REDE NÃO CALA, a vida das mulheres palestinas importa, assim como a vida das demais mulheres: sejam elas judias, indígenas, negras ou trans. Neste Ramadã, momento sagrado para os muçulmanos (como o Natal para os cristãos e o Yom Kipur para os judeus), queremos fazer um apelo pela paz e nos unir às demais vozes, de dentro e de fora da Universidade de São Paulo, que exigem o CESSAR FOGO IMEDIATO e a entrada da ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
Cabe a nós a defesa dos direitos humanos e do respeito às diversas etnias, grupos religiosos e formas de pertencimento das mulheres.
São Paulo, 11 de março de 2024
REDE NÃO CALA! USP