Atualizado em 03/06/2018 às 10h43
No dia 3 de junho de 1924, morre em Klosterneuburg, na Áustria, um dos maiores escritores de língua alemã do século XX: Franz Kafka.
Conhecido sobretudo por romances como O Processo (Der Process), O Castelo (Das Schloss) e A Metamorfose (Die Verwandlung), Kafka deixou uma obra vasta, caracterizada por uma atmosfera sombria de pesadelo, na qual a burocracia e a impessoalidade tomam conta gradativamente do indivíduo – um clima dotado de uma objetividade extremamente estranha.
Sua obra é vista como símbolo do homem sem raízes dos tempos modernos. Certos críticos pensam, porém, que o que há em Kafka é apenas uma tentativa impulsionar o indivíduo a fazer suas próprias escolhas e combater forças superiores.
Nasceu em 3 de julho de 1883 em Praga, cidade então pertencente ao Império Austro-Húngaro, filho de uma família judaica bastante rica. Mantinha relações conflituosas com seu pai e viveu distante de sua mãe. Ainda assim, se dizia um herdeiro intelectual de seu lado materno.
Entre 1889 e 1893, frequentou a escola primária em Praga, dedicando-se muito pouco aos rituais judaicos. Em seguida, ingressou no Colégio de Estado de Praga, onde permaneceu até 1901. À época já se interessava bastante pela literatura e pelo socialismo. Estudou direito na Universidade de Praga, assim como germanismo e história da arte. Gradua-se em 1906, e logo torna-se estagiário no tribunal de Praga.
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Conheceu em 1902 Max Brod, poeta que se tornaria um dos seus amigos mais íntimos. Em 1909 são publicados seus primeiros trabalhos na revista Hyperion. No entanto, somente após ter deixado o emprego numa companhia italiana de seguro comercial é que passou a se dedicar plenamente à literatura. Voltaria, ainda assim, a trabalhar em outra seguradora, o que o obrigou a escrever apenas durante a noite. Foi desse contexto que surgiu O Veredicto.
Jim Linwood/FlickrCC
Casa onde nasceu Kafka se tornou memorial do autor
Kafka teve problemas com as mulheres. Embora tenha mantido um estável relacionamento com a berlinense Felice Bauer, era considerado extremamente desajeitado. O mesmo rótulo o perseguiria durante seu noivado com Julie Wohryzeck. Na década de 1920, viveu uma relação intensa, ainda que breve, com uma jornalista e escritora anarquista tcheca, Milena Jesenska. Em 1923, conheceu Dora Diamant, em meio a uma passagem por Berlim. Ela o acompanharia até sua precoce morte.
A saúde de Kafka era frágil, especialmente por conta da tuberculose que o acompanhou desde 1917. Mais além, era hipocondríaco, depressivo e sofria de fobia social. Entre 1923 e 1924, um inverno severo em Berlim o deixou ainda mais debilitado. Brod insistiu para que ele saísse de férias e embarcasse para Praga. Chega na cidade com tuberculose de laringe, o que o faz se alimentar cada vez mais raramente. Essa condição seria descrita em A Metamorfose e em Um Artista da Fome. Kafka morreu aos 40 anos vítima de tuberculose e desnutrição. Foi sepultado em Praga.
Escritor de texto perfeccionista, desenvolveu na ficção a ideia de que o homem moderno está totalmente desenraizado e vive em meio a uma sociedade impessoal e burocrática, hostil a qualquer senso de humanidade. No entanto, o indivíduo também surge como responsável pelas escolhas que faz, conforme coloca em O Processo ou, ainda, em O Castelo. Os críticos literários têm grandes dificuldades em classificar Kafka como pertencente a algum movimento específico. Com efeito, trata-se de um autor sui generis. Dentre as importantes obras da bibliografia de Kafka, muitas foram publicadas postumamente graças ao enorme esforço de Max Brod.
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