Sexta-feira, 16 de maio de 2025
APOIE
Menu

A Ata de Independência da América Central do domínio espanhol foi assinada em 15 de setembro de 1821 por parte dos atuais países – Guatemala, Honduras, El Salvador, Nicarágua e Costa Rica. Tal capitania estava então conformada pela Província de Guatemala, Chiapas, Comayagua, San Salvador e a província de Nicarágua e Costa Rica.

Ao contrário dos demais países da região, com exceção do Panamá, foi um processo relativamente pacífico. O movimento independentista centro-americano tomou como exemplo a independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa, além de ter sido influenciado pelas ideias do reformismo ilustrado espanhol e do Iluminismo racionalista europeu.

A independência centro-americana tomou impulso em seguida à ocupação da Espanha pelas tropas de Napoleão em 1808. O primeiro movimento independentista na América Central se deu em 5 de novembro de 1811, quando uma conspiração encabeçada pelos padres José Delgado e Nicolás Aguilar tentou apoderar-se de armas depositadas numa casamata de San Salvador e de 200 mil pesos depositados nas arcas reais, que consideraram suficiente para o grito de liberdade.

Receba em primeira mão as notícias e análises de Opera Mundi no seu WhatsApp!
Inscreva-se

Os fuzis seriam colocados em mãos desta cidade, em seguida desconheceriam a autoridade do intendente da província, fundariam uma Junta Popular de governo e procurariam levar o movimento a todas as províncias. A ele, seguiram-se as revoltas na Nicarágua, a Conjuração de Belén, e outros de 1814 a 1821.

Foi enorme a repercussão da independência dos Estados Unidos e da Carta de Filadélfia de 1776. Nela se estipulava que os governos tinham a obrigação de garantir a liberdade, a vida e a felicidade dos habitantes; se não cumprissem essa obrigação, as pessoas podiam substituí-los. Essas ideias ressoaram na mente dos criollos – pessoas nascidas no continente latino-americano, porém filhos de europeus.

Os ideais do reformismo ilustrado espanhol e do iluminismo racionalista europeu também repercutiram na América Central. No final do século 18 obras de autores como Montesquieu, Rousseau e dos enciclopedistas chegavam à biblioteca de ilustres criollos e espanhóis.

O povo mostrava-se favorável aos insurretos salvadorenhos, porém recebeu com júbilo a chegada dos pacificadores e a ordem foi restabelecida. O padre Delgado foi chamado à Guatemala, defendeu com bom resultado os implicados no movimento revolucionário aos quais foi concedida anistia. Peinado ficou no exercício do poder político e militar da Província de San Salvador.

Em 1813, produz-se na Guatemala um novo movimento independentista, conhecido como a Conspiração de Belén. Reuniões começaram a ser mantidas, a partir de 28 de outubro, na cela do prior do Convento de Belén.

Ao contrário dos demais países da região, com exceção do Panamá, processo foi relativamente pacífico

Reprodução

Independência centro-americana tomou impulso em seguida à ocupação da Espanha pelas tropas de Napoleão em 1808

Participaram desses encontros religiosos militares e seculares, liderados pelo frei Juan de la Concepción. Elaborou-se uma proclamação exigindo a destituição do Capitão General Bustamente y Guerra, bem como a libertação dos prisioneiros independentistas da América Central.

Contudo, todo o plano veio abaixo, um traidor denunciou os fatos a Bustamante, além de entregar-lhe o nome de todos os participantes. Em 21 de dezembro de 1813 foram todos capturados em suas residências, submetidos a juízo sumário e sentenciados.

Em 18 de setembro de 1814, o procurador Antonio Villar emitiu o veredicto, dando por provados os fatos, punindo os envolvidos, uns à pena de morte por meio do garrote vil, outros, à forca e muitos a longos anos de prisão.

Em 24 de janeiro de 1814, levou-se a cabo em San Salvador um novo movimento com ampla participação popular, porém, a exemplo dos anteriores, terminou sendo desastroso.

Em maio de 1814, Fernando VII regressa à Espanha como rei. Restabelece imediatamente o absolutismo, derrogando a Constituição de Cádiz. Os efeitos das medidas reais se fizeram refletir na América Central, onde se desencadeou uma feroz perseguição aos revolucionários e aos defensores das ideias liberais.

Em 1818 assume o governo Carlos Urrutia, um homem de caráter débil, em cuja gestão os independentistas ganharam terreno. Em 1820, o rei se viu forçado a restabelecer a constituição de 1812, o que permitiu implementar na região a liberdade de imprensa, que passou a defender os direitos dos cidadãos e a independência.

À época, no México, a revolução obteve um completo triunfo, declarando sua total independência da coroa em 24 de fevereiro de 1821. A notícia desconsertou as autoridades espanholas da Guatemala, servindo de estímulo aos independentistas. Em 9 de março, pressionado pelos liberais, o Capitão General deixa o posto, sendo substituído pelo subinspetor do exército Gabino Gainza. Ele era do agrado dos independentistas, porque além de idade avançada tinha também um caráter débil. Sob seu governo, a América Central experimentou uma viva agitação social, o que forçou a deputação provincial a discutir o tema da independência.

Gainza reúne uma junta de notáveis composta pelo arcebispo, deputados, chefes militares, prelados de ordens religiosas e funcionários da Fazenda. José Cecílio del Valle num longo discurso demonstrou a necessidade  e a justeza da independência, porém manifestando que antes de proclamá-la as províncias deveriam ser ouvidas.

O povo que assistia ao ato pediu aos gritos a independência e esta foi proclamada em 15 de setembro de 1821.

(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.