Em 16 de agosto de 1819, ocorre em Manchester o chamado Massacre de Peterloo, uma etapa dolorosa da marcha da Inglaterra em direção à democracia. Enquanto uma grave crise econômica se abatia sobre o operariado inglês, que se queixava de não estar representado no Parlamento, o governo suspendia certas liberdades civis garantidas pelo habeas corpus.
Exasperada, a oposição organiza uma reunião em Manchester, na St. Peter’s Fields. Mais de 50 mil pessoas ali se reúnem para ouvir Henry Hunt, “O Orador”. No entanto, o encontro, tendo sido apenas no último momento proibido, fez com que as autoridades mandassem para o local a milícia de segurança. Do conflito resultaram 11 mortos e centenas de feridos.
Em seguida a esse massacre, o governo promulgou leis que restringiam ainda mais o direito de manifestação.
O noticiário da imprensa dava conta de que o Masssacre de Peterloo ou a Batalha de Peterloo acontecera no St. Peter’s Field, em Manchester, Inglaterra em 16 de agosto de 1819, quando a cavalaria carregou contra uma multidão de umas 60 a 80 mil pessoas reunidas em uma manifestação para solicitar a reforma da representação parlamentar.
O fim da Era Napoleônica em 1815 resultou em períodos de fome generalizada e desemprego crônico, exacerbados pela introdução das ‘Corn Laws’ (Leis dos Grãos) tarifas à importação para apoiar os preços do grão britânico doméstico contra a competição de importações estrangeiras mais baratas. Estas leis são frequentemente vistas como exemplos do mercantilismo britânico, concebidas para proteger os produtores rurais ao promover a exportação e limitar a importação de grãos.
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Episódio do Massacre de Peterloo teve como plano de fundo St. Peter’s Fields
Em princípios de 1819, a pressão gerada pelas más condições econômicas, combinada com a ausência de sufrágio no norte da Inglaterra, aumentou a simpatia pelo radicalismo. Em resposta, o Sindicato Patriota de Mánchester, um agrupamento que fazia campanha em favor de uma reforma parlamentar, organizou uma manifestação a ser dirigida pelo conhecido orador radical Henry Hunt.
Pouco depois do início da manifestação, autoridades locais chamaram as forças militares — não existia à época força policial efetiva — para prender Hunt e a vários de seus companheiros que estavam com ele no palanque, assim como para dispersar a multidão. A cavalaria carregou contra a multidão com os sabres desembainhados, e na confusão que se seguiu 15 pessoas morreram e entre 400 e 700 foram feridas. Deu-se o nome de Peterloo ao massacre como uma comparação irônica com a Batalha de Waterloo, que havia ocorrido 4 anos antes e que culminou com a derrota definitiva de Napoleão Bonaparte.
O historiador Robert Poole considerou o Massacre de Peterloo como um dos momentos cruciais desta época. Em seu momento, os jornais de Londres e de todo o país compartilharam o horror sentido na região de Manchester, porém o efeito imediato de Peterloo foi provocar o governo a tomar medidas enérgicas de reforma, com a aprovação do que vieram a ser conhecidas como as Seis Leis (Six Acts). Também levou diretamente à fundação do jornal The Manchester Guardian, atualmente The Guardian, contudo teve pouco efeito no que dizia respeito às grandes reformas.
Peterloo é comemorado com uma placa perto do lugar onde aconteceu, o que tem sido criticado por considerar-se inadequado e pouco a altura da sua importância histórica. Numa pesquisa levada a cabo por The Guardian em 2006, Peterloo ficou em segundo lugar, somente atrás dos Debates de Putney – uma série de discussões que tiveram lugar em 1647 entre os membros do New Model Army relativos à redação de uma nova constituição para a Inglaterra – como o episódio da história britânica mais merecedor de um monumento comemorativo a altura.