Em Dayton, Tennessee, começou em 10 de julho de 1925 o chamado “Julgamento do Macaco”. John Thomas Scopes, um jovem professor de ciências de ensino médio, foi acusado de ensinar a Teoria da Evolução violando a legislação do estado.
Uma lei que havia sido aprovada em março, estabelecia punição com pagamento de multa para quem “lecione qualquer teoria que negue a Criação Divina do homem como ensina a Bíblia e lecione que o homem descende de uma espécie inferior de animais”.
Ao lado de um comerciante local, George Rappalyea, Scopes tratou de evitar a acusação. No entanto, após a prisão dos dois, buscaram a ajuda da União Americana de Liberdades Civis (ACLU, por sua sigla em inglês) a fim de organizar a defesa. Tomando conhecimento desse ataque ao fundamentalismo cristão, William Bryan, três vezes candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos e um herói fundamentalista, apresentou-se voluntariamente para assessorar a acusação.
Pouco depois, o grande advogado Clarence Darrow concordou em juntar-se à ACLU na defesa. Estava montado o palco para um dos mais famosos julgamentos da história.
Em 10 de julho, o julgamento teve início. Em poucos dias, uma multidão de espectadores e repórteres se dirigiam a Dayton enquanto pastores montavam tendas ao longo da principal rua da cidade a fim de ganhar adeptos a sua causa. Dentro do tribunal do Condado de Rhea, a defesa sofria alguns percalços iniciais quando o juiz John Raulston decidiu contra a tentativa preliminar da defesa de inquinar de inconstitucional a lei e negar o fim da prática de abrir as sessões com uma oração.
Do lado de fora, Dayton ganhava a aparência de uma grande quermesse, com a exibição de dois chimpanzés e um suposto ‘elo perdido’ andando pela cidade. Havia vendedores de bíblia, macacos de brinquedo, cachorro quente e refrescos em abundância.
O ‘elo perdido’ era de fato Jo Viens de Burlington, Vermont, um homem de 51 anos, de baixa estatura, testa recuada e queixo protuberante. Um dos chimpanzés – chamado Joe Mendi – vestia um terno xadrez, chapéu marrom e polainas brancas e divertia os cidadãos de Dayton, passeando pelo gramado que cercava o tribunal.
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ohn Thomas Scopes foi acusado de ensinar a Teoria da Evolução violando a legislação do estado
O processo
Na sala de sessões, o juiz Raulston destruiu a estratégia da defesa ao determinar que o testemunho de cientistas especializados na teoria da evolução era inadmissível visto que era Scopes quem estava sob julgamento e não a lei que ele tinha violado. No dia seguinte, Raulston ordenou que o tribunal se mudasse para o gramado fronteiriço, temendo que o peso da multidão que se postava dentro pudesse fazer desabar o assoalho.
Diante de milhares de espectadores a céu aberto, Darrow mudou sua tática, indicando o acusador Bryan como única testemunha, numa tentativa de desacreditar sua interpretação literal da Bíblia. Diante de perspicaz interrogatório, Bryan foi submetido a ridículos e forçado a fazer declarações contraditórias e a demonstrar ignorância diante de uma multidão em gargalhadas. Em 21 de julho, em suas razões finais, Darrow pediu ao júri que ditasse um veredicto de culpa de modo que o caso pudesse ser objeto de apelação.
De acordo com a lei processual do Tennessee, foi negada a Bryan a possibilidade de oferecer as suas razões, que havia preparado durante semanas. Após oito minutos de deliberação, o júri considerou o réu culpado. Raulston mandou que Scopes pagasse multa mínima de 100 dólares. Embora tivesse ganho o caso, Bryan havia sido publicamente humilhado e suas crenças fundamentalistas, desacreditadas.
Cinco dias depois, deitou-se no domingo à tarde para um cochilo do qual não mais despertou.
Em 1927, dois anos depois daquela sentença, a Suprema Corte do Estado reverteu o veredicto do “Julgamento do Macaco” com base numa tecnicidade. Mas, foi somente em 1968 que a Suprema Corte dos Estados Unidos, examinando caso similar de Arkansas, decidiu que a lei violava a Primeira Emenda, que impede o Congresso da União ou dos estados de infringir os direitos fundamentais do cidadão.
Outros fatos marcantes da data:
1940 – Parlamento vota o fim da 3ª República Francesa
1947 – Navio panamenho zarpa rumo a Palestina com judeus sobreviventes do holocausto