A Segunda Guerra Mundial ainda não tinha terminado – prosseguia no Pacífico –quando os representantes dos Estados Unidos, Harry S. Truman, da União Soviética, Josef Stalin e da Grã Bretanha, Winston Churchill se reuniram em Postdam, sudoeste de Berlim, para debater a sorte da Alemanha.
A conferência anunciou o início da “desnazificação”. Cada potência teria sua zona de ocupação delimitada na Alemanha. Os “Três Grandes” se puseram igualmente de acordo sobre a formação de um conselho dos Cinco Grandes – China, EUA, França, Reino Unido e União Soviética –, que ficaria encarregado de assegurar a paz com os antigos aliados do Reich. Com essas medidas, criaram as premissas para a fundação da ONU (Organização das Nações Unidas).
O presidente Truman, que havia assumido a presidência após a morte de Roosevelt em 12 de abril de 1945, era estreante nos encontros dos “3 Grandes” e registrou em seu diário no dia 17 de julho de 1945 as primeiras impressões pessoais de Stalin. Ele descreveu seu encontro inicial com o líder soviético, tido como uma figura assustadora, como cordial.
“Pontualmente alguns minutos antes do meio-dia”, escreveu o presidente, “levantei o olhar de minha mesa, onde estava sentado, e vi Stalin entrando na sala. Pus-me de pé e avancei em sua direção. Ele estendeu a mão e sorriu. Fiz o mesmo, apertamos as mãos e nos sentamos.” Após a habitual troca de gentilezas, os dois passaram a discutir a política do pós-guerra na Europa. Os EUA ainda estavam envolvidos na guerra do Pacífico contra o Japão e Truman quis conhecer os planos de Stalin para os territórios que passou a controlar na Europa.
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Truman disse a Stalin que seu estilo diplomático era franco e direto ao ponto
Truman disse a Stalin que seu estilo diplomático era franco e direto ao ponto, uma admissão que Truman percebeu ter visivelmente agradado a Stalin. O presidente norte-americano disse esperar que a União Soviética se juntasse aos EUA na guerra contra o Japão. Por seu lado, Stalin queira impor o controle soviético sobre certos territórios anexados pela Alemanha e pelo Japão no começo da guerra.
Truman insinuou que embora a agenda de Stalin fosse “dinamite” ou agressiva, os EUA tinham munição para se contrapor ao líder soviético. Truman não informou o chefe de Estado da União Soviética sobre o Projeto Manhattan que acabara de testar com êxito a primeira bomba atômica, mas sabia que a nova arma fortalecia seu poder de dissuasão. Truman referiu-se a esse segredo em seu diário como “uma dinamite que ainda não explodi”.
Após o encontro, Stalin, Truman e conselheiros que os acompanhavam “almoçaram, conversaram socialmente, brindaram” e posaram para fotografias. Truman encerrou sua anotação daquele dia com uma colocação confidencial: “Posso lidar com Stalin”, escreveu. “Ele é honesto, mas esperto como o diabo.”
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.