No dia 7 de agosto de 1945, a União Soviética declara oficialmente guerra contra o Japão e envia mais de um milhão de soldados à região da Manchúria, no noroeste da China. Os batalhões enfrentariam nada menos que os 700 mil homens do poderoso exército japonês.
Os soviéticos chamaram a campanha de Operação Tempestade de Agosto. Os japoneses buscavam uma solução para pôr fim à guerra de uma forma mais digna que a Rendição Incondicional imposta à Alemanha nazista meses antes. Importante recordar que, de 1939 a 1945, existia um estado de neutralidade entre o Japão e a União Soviética, formalmente reconhecida por um tratado de não agressão, assinado em abril de 1941.
Ambos os signatários reconheciam que havia inimigos mais importantes com os quais se importar – a Alemanha, no caso soviético, e os Estados Unidos no japonês. Inicialmente, acreditava-se que um acordo tácito colocaria as divergências de lado até o contexto geopolítico evoluir.
Todavia, no início de 1945, com a derrota da Alemanha praticamente definida, a situação estratégica já havia progredido de tal forma em favor da União Soviética que ela estava disposta a romper o pacto e recuperar a posição no Extremo Oriente que os czares russos perderam em 1905.
Os Estados Unidos e o Reino Unido estavam realmente interessados na participação soviética na guerra contra o Japão. Foi por negociação com os Aliados que os soviéticos se comprometeram, durante a Conferência de Yalta de fevereiro de 1945, a intervir na guerra contra o Japão até 90 dias depois do fim da guerra na Europa.
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Operação ficou conhecida como Tempestade de Agosto e é marcada pelo fim de um pacto de não agressão entre os dois países
Seria um reforço bem-vindo porque, segundo o calendário de operações que os norte-americanos haviam estabelecido para a derrota do Japão, as verdadeiras invasões do país estariam previstas para novembro de 1945 e março de 1946.
O lançamento da bomba pelos norte-americanos sobre Hiroshima ocorre em 6 de agosto, mas não tem o efeito pretendido, isto é, a rendição incondicional do Japão.
Metade do governo japonês e, mais especificamente, o Conselho Supremo de Direção da Guerra recusaram a capitulação sem garantias ao Japão. Os únicos civis japoneses que poderiam ter tomado conhecimento do que realmente havia ocorrido em Hiroshima ou estavam mortos ou sofrendo terrivelmente.
O Japão não se revela muito preocupado com a União Soviética, então ocupada com os alemães no front europeu. O exército japonês estava longe de acreditar que o Exército Vermelho pudesse se envolver em operações no Extremo Oriente pelo menos até a primavera de 1946.
Contudo, os soviéticos surpreenderam quando iniciaram a invasão da Manchúria, uma investida tão poderosa que, dos 850 soldados japoneses engajados na defesa de Pingyanchen, 650 foram mortos ou feridos somente nos primeiros dois dias de batalha. Isso levou o imperador Hirohito a se reunir com o Conselho de Guerra e recomendar a decisão de não capitular. Os membros recalcitrantes começaram a vacilar.