“Nós proclamamos solenemente ao povo da Líbia que, como recompensa de seus esforços e na conformidade de resolução da ONU (Organização das Nações Unidas), nosso país bem amado, com a ajuda de Deus, conquista sua independência”. Essa declaração do rei Idris I, em 24 de dezembro de 1951, em Bengazi, que fez da Líbia o primeiro país do Maghreb a se tornar independente depois do fim da Segunda Guerra Mundial.
Antiga colônia italiana, a Líbia foi ocupada depois da guerra pela Grã Bretanha e pela França. Em 21 de novembro de 1949, a Assembleia Geral da ONU se pronuncia a favor da constituição de um Estado soberano, incluindo as províncias da Tripolitânia, da Cirenaica e de Fezzan. Uma Assembleia Nacional composta de deputados das três províncias se reúnem em 1950 em Trípoli e designa Idriss al-Senoussi, chefe da poderosa dinastia dos Senoussi, como soberano da nação.
A nova Constituição instaura um governo monárquico parlamentar e federal. Embora se pronunciando a favor de sua independência, as grandes potências desejavam manter o controle sobre o destino da Líbia, da qual esperavam tirar vantagens a uma só vez estratégicas e econômicas. A coroação de Idris I constitui para os Ocidentais a condição ‘sine qua non’ de seu apoio. De seu lado, o rei, ao ascender à magistratura suprema, aceita o federalismo imposto pela França.
A primeira decisão real de política estrangeira foi a assinatura com a Grã Bretanha de um tratado de aliança de vinte anos. Seus termos autorizavam os britânicos a instalar bases militares na Líbia em troca de ajuda financeira. Os Estados Unidos assinam também um acordo de mesmo teor e constroem, perto de Tripoli, a base militar de Wheelus Field. No começo dos anos 1950, a Líbia era um país pobre onde viviam menos de um milhão de habitantes cujo desenvolvimento era tributário da ajuda das potências ocidentais.
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O Rei Idris I e o então vice-presidente dos EUA, Richard Nixon
A declaração de independência da Líbia é um acontecimento de tal sorte que, desde 1551, data de sua conquista pelos otomanos, o país sempre viveu sob dominação estrangeira. Em 1911, a Itália declara guerra à Sublime Porta – designação corrente dada entre 1718 e 1922 ao governo do Império Otomano – e invade a Tripolitânia.
Durante os subsequentes vinte anos, os líbios opõem uma resistência feroz ao ocupante, mas a chegada ao poder de Mussolini endurece a repressão. Em quatro anos, os soldados italianos matam cerca da metade da população beduína e encerram milhares de líbios nos tristemente célebres “campos da fome”. Em 1939, o país é oficialmente integrado ao território nacional italiano.
Após 1951, a persistência da ingerência ocidental nos negócios internos do Reino Líbio Unido suscita a cólera da população. Foi necessário esperar 1959 e a descoberta das primeiras jazidas de petróleo para que o país adquirisse uma aparência de independência econômica e ingressa numa nova era.
Em 1969, um grupo de oficiais comandados pelo coronel Muammar Kaddafi derroca a monarquia para instaurar, num primeiro momento, uma república árab e socialista. Em 2 de março de 1977, aquele que se fez chamar de “Guia” da revolução proclama o nascimento do Jamahiriya “Estado das Massas” árabe, popular e socialista líbio.