Sexta-feira, 16 de maio de 2025
APOIE
Menu

“Nós proclamamos solenemente ao povo da Líbia que, como recompensa de seus esforços e na conformidade de resolução da ONU (Organização das Nações Unidas), nosso país bem amado, com a ajuda de Deus, conquista sua independência”. Essa declaração do rei Idris I, em 24 de dezembro de 1951, em Bengazi, que fez da Líbia o primeiro país do Maghreb a se tornar independente depois do fim da Segunda Guerra Mundial.

Antiga colônia italiana, a Líbia foi ocupada depois da guerra pela Grã Bretanha e pela França. Em 21 de novembro de 1949, a Assembleia Geral da ONU se pronuncia a favor da constituição de um Estado soberano, incluindo as províncias da Tripolitânia, da Cirenaica e de Fezzan. Uma Assembleia Nacional composta de deputados das três províncias se reúnem em 1950 em Trípoli e designa Idriss al-Senoussi, chefe da poderosa dinastia dos Senoussi, como soberano da nação.

A nova Constituição instaura um governo monárquico parlamentar e federal. Embora se pronunciando a favor de sua independência, as grandes potências desejavam manter o controle sobre o destino da Líbia, da qual esperavam tirar vantagens a uma só vez estratégicas e econômicas. A coroação de Idris I constitui para os Ocidentais a condição ‘sine qua non’ de seu apoio. De seu lado, o rei, ao ascender à magistratura suprema, aceita o federalismo imposto pela França.

Receba em primeira mão as notícias e análises de Opera Mundi no seu WhatsApp!
Inscreva-se

A primeira decisão real de política estrangeira foi a assinatura com a Grã Bretanha de um tratado de aliança de vinte anos. Seus termos autorizavam os britânicos a instalar bases militares na Líbia em troca de ajuda financeira. Os Estados Unidos assinam também um acordo de mesmo teor e constroem, perto de Tripoli, a base militar de  Wheelus Field. No começo dos anos 1950, a Líbia era um país pobre onde viviam menos de um milhão de habitantes cujo desenvolvimento era tributário da ajuda das potências ocidentais.

Antiga colônia italiana, país foi ocupado depois da guerra por Grã Bretanha e França

Wikimedia Commons

O Rei Idris I e o então vice-presidente dos EUA, Richard Nixon

A declaração de independência da Líbia é um acontecimento de tal sorte que, desde 1551, data de sua conquista pelos otomanos, o país sempre viveu sob dominação estrangeira. Em 1911, a Itália declara guerra à Sublime Porta – designação corrente dada entre 1718 e 1922 ao governo do Império Otomano – e invade a Tripolitânia. 

Durante os subsequentes vinte anos, os líbios opõem uma resistência feroz ao ocupante, mas a chegada ao poder de Mussolini endurece a repressão. Em quatro anos, os soldados italianos matam cerca da metade da população beduína e encerram milhares de líbios nos tristemente célebres “campos da fome”. Em 1939, o país é oficialmente integrado ao território nacional italiano.

Após 1951, a persistência da ingerência ocidental nos negócios internos do Reino Líbio Unido suscita a cólera da população. Foi necessário esperar 1959 e a descoberta das primeiras jazidas de petróleo para que o país adquirisse uma aparência de independência econômica e ingressa numa nova era. 

Em 1969, um grupo de oficiais comandados pelo coronel Muammar Kaddafi derroca a monarquia para instaurar, num primeiro momento, uma república árab e socialista. Em 2 de março de 1977, aquele que se fez chamar de “Guia” da revolução proclama o nascimento do Jamahiriya “Estado das Massas” árabe, popular e socialista líbio.