Segunda-feira, 9 de junho de 2025
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Em 1º de fevereiro de 1979, depois de 15 anos de exílio, o aiatolá Ruhollah Khomeini, líder espiritual da comunidade xiita iraniana, retorna a Teerã, onde é recebido como herói nacional.

Perguntado, ainda no avião, sobre a sensação ao retornar do exílio, respondeu tranquilamente que não tinha nenhuma. Apenas dois meses depois, instauraria uma república islâmica no Irã e liquidaria todos os principais atores do regime do xá Reza Pahlevi.

Khomeini abandona o Irã

Khomeini, que recebera o título de aiatolá (perito em religião e direito) em 1950, tivera de abandonar o país em 1964, quando a monarquia de Reza Pahlevi endureceu e a repressão pela polícia política Savak era feroz.

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Filho de um antigo preso político do tempo do xá Reza Khan, que também acabou expulso, ele era um dos principais críticos do regime. Primeiro, fugiu para o Iraque, de onde foi obrigado a sair a pedido do xá, passando a viver na França.

Nessa altura, o governo francês propôs ao xá forjar um “acidente fatal que acabaria com Khomeini.” O xá rejeitou o plano, alegando que isto faria dele um mártir.

Sublevação iraniana levou grupo de religiosos fundamentalistas ao poder com discurso antiocidental que influenciou toda a região até os dias atuais

Wikicommons

Khomeini voltou ao Irã em 1º de fevereiro de 1979, recebido como herói nacional

Como foi a revolução iraniana

O estopim da revolução foi uma manifestação pró-Khomeini realizada em janeiro de 1978 na cidade de Qom, popular centro religioso. Tropas do xá reprimiram o protesto, matando 70 pessoas. Do exílio, Khomeini ordenou que, após 40 dias, fossem realizadas cerimônias em memória dos mortos, como é tradição no país.

Esses eventos, que se repetiam a cada 40 dias, se transformaram em protestos contra o governo e as potências ocidentais. O governo impôs a lei marcial. Seguiu-se uma greve geral que paralisou a economia do Irã.

Em 16 de janeiro de 1979, o xá e a imperatriz Farah Diba deixaram o país e foram para o Egito, onde foram recebidos pelo presidente Anwar El Sadat. Embora oficialmente estivessem apenas em viagem de férias, na realidade a partida foi definitiva. A revolução popular, liderada simultaneamente pelos liberais, pela esquerda, pelo Exército e pelos mulás que agitaram o país, havia expulsado o soberano.

A Revolução Islâmica no Irã levou ao poder um grupo de religiosos fundamentalistas com discurso anti-ocidental que influenciou toda a região, acirrou disputas com vizinhos – a mais grave delas, a guerra contra o Iraque (1980-1988). Saddam Hussein recebeu apoio em armas e dinheiro dos EUA, enviados pelo presidente Ronald Reagan, disposto a derrubar o regime do aiatolá a todo custo. Não conseguiu, e Khomeini morreu no poder em 1989.

(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.