Para muitos historiadores, o dia 1º de julho do ano de 776 a. C. marcou o início dos primeiros Jogos Olímpicos da história. Esse nome deriva de Olimpo, santuário grego consagrado a Zeus onde ocorreu pela primeira vez a competição.
Antes dos primeiros Jogos Olímpicos, os gregos já mantinham o hábito de competições esportivas. Muitos eventos similares reuniam gregos periodicamente em diferentes santuários. O principal objetivo era resolver conflitos de forma pacífica, interrompendo-os com uma trégua sagrada capaz de celebrar e honrar a glória de um guerreiro morto em combate.
A duração dos Jogos variou muito ao longo do tempo. De apenas uma jornada foram estendidos para cinco ou sete dias. A organização era confiada a magistrados chamados de Helanodices, que velavam pelo respeito às regras e supervisionavam o treinamento dos atletas.
O Olimpo estava localizado em uma região de colinas e bosques verdejantes a oeste do Peloponeso, distante de qualquer cidade importante. Ainda hoje pode-se ver o local das competições: duas pedras delimitam o comprimento de um estádio. O público se colocava em dois lados da pista. Esse local era cercado de templos e edifícios utilitários. O mais renomado era o templo consagrado a Zeus, com uma estátua monumental do deus, uma das Sete Maravilhas do mundo antigo. A escultura é obra de Phidias, que viveu no século V a. C..
Os Jogos Olímpicos se renovavam a cada quatro anos. Os gregos tinham o hábito de contar o tempo em Olimpíadas, ou seja, em períodos de quatro anos. O primeiro dia dos Jogos era dedicado aos sacrifícios religiosos em honra a Zeus, sua esposa Hera e o herói Pélops, legendário fundador da competição. Terminavam no sétimo dia com a colocação de uma coroa de louros na cabeça dos vencedores.
Os atletas que ganhassem quatro vezes seguidas recebiam em sua cidade, após a morte, um culto comparável ao de um semideus. Os Jogos podiam acolher até 40 mil espectadores. A assistência era exclusivamente masculina. Uma única mulher, a sacerdotisa do santuário local de Deméter, tinha direito de assistir às competições.
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Atletas que ganhassem quatro vezes seguidas recebiam em sua cidade, após a morte, um culto comparável ao de um semideus
Apenas uma mulher, Kallipatera, foi exceção à regra. Era da família de Milon de Cróton, que se tornaria seis vezes vencedor dos Jogos, e queria assistir, sob disfarce masculino, ao desempenho de seu filho. Uma vez que o jovem venceu uma prova, deixou cair sua túnica tamanha a emoção e revelou então seu sexo.
Os atletas em todas as competições pan-helênicas eram exclusivamente masculinos. Apresentavam-se às provas nus e untados de óleo. Banhavam-se cuidadosamente antes e depois de cada prova. Sua nécessaire de banho compunha-se de um pequeno frasco de óleo, uma esponja para as abluções e um raspador de bronze para eliminar todo traço de suor, óleo e areia. As provas se dividiam em categorias segundo a idade do participante: musical, ginástica e hípica.
As provas variaram ao longo das épocas. Limitavam-se nos primeiros tempos a uma corrida de velocidade na distância de um estádio (192m). Uma segunda corrida, a diáulica, se estendia por dois estádios e apareceu por ocasião da XIVª Olimpíada. Foi preciso esperar a XVIIIª, em 708 a. C., para que se acrescentasse o pentatlo e a luta.
O programa das provas se estabilizou apenas após um século, oferecendo aos espectadores uma bela diversidade. Algumas das provas eram:
Diálico: corrida de velocidade em dois estádios;
Dólico: corrida de fundo em 24 estádios;
Pugilato: combate entre lutadores com os punhos cobertos de luvas de pele de carneiro;
Pancrácio: uma contenda combinando combate de corpo a corpo e o pugilato;
Hoplitódromo: soldados da infantaria batalhando armados, portando capacete, escudo, couraça, lanças e espadas;
Pentatlo: salto em distância, lançamento de disco, lançamento de dardo, corrida de velocidade, luta, corrida de carros e montaria;
Pírrica: dança com arma;
Lampadedromia: corrida com tochas;
Concurso musical: prática à margem dos Jogos, que consistia em recitar versos de Homero acompanhado de uma cítara.
Trapaças e violência eram inicialmente severamente proibidas. Era vedado provocar a morte do adversário e se esta, apesar de tudo, ocorresse, era a vítima que triunfaria a título póstumo. Essas proibições sofreram mais tarde graves distorções. Sob influência dos romanos, que ocuparam então a Grécia, os jogos se tornaram verdadeiros combates entre gladiadores violentos e espetaculares.
Todos os jogos pan-helênicos, inclusive os Jogos Olímpicos, foram abolidos pelo imperador romano Teodósio I em 393 d. C., sob influência do bispo de Milão, Santo Ambrósio, que queria terminar com os ritos pagãos e a costumeira violência. O Olimpo caiu no esquecimento, vítima do despovoamento do Peloponeso e das invasões eslavas no século VI.
No ano 1896 de nossa era, o barão Pierre de Coubertin recupera a tradição olímpica e inaugura em Atenas os primeiros Jogos Olímpicos modernos com a esperança de contribuírem para a aproximação entre os povos.
Também nesse dia:
1944 – Começa conferência de Bretton Woods
1942 – Tem início a Batalha de El Alamein
1867 – Canadá trorna-se domínio do Reino Unido, porém com auto-governo
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.