Por manifestar interesse na filosofia de René Descartes, de Thomas Hobbes e de filósofos cristãos, o jovem Baruch de Spinoza atrai a ira dos judeus fanáticos. Os rabinos de Amsterdã decidem excomungá-lo em 27 de julho de 1656.
Esse ato, entretanto, não o impede de continuar a se interessar pela teologia. Livre pensador, não se preocupando muito com as tradições, Spinoza seguiria seu caminho e desenvolveria seu sistema filosófico panteísta, ao lado do trabalho profissional que lhe garantia o sustento: polimento de vidro.
Todavia, sofreu igualmente uma tentativa de assassinato e não pôde jamais difundir livremente seu saber.
Spinoza está entre os mais importantes filósofos pós-cartesianos da segunda metade do século 17. Deu significativas contribuições em praticamente todas as áreas da filosofia.
Seus textos revelam a influência de distintas fontes como o estoicismo, o racionalismo judaico, Maquiavel, Hobbes, Descartes e uma variedade de pensadores religiosos heterodoxos de seu tempo.
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Spinoza é autor da obra filosófica monumental "A Ética"
Por essa razão, é muito difícil classificá-lo, embora seja habitualmente considerado, ao lado de Descartes e Gottfried Leibniz, como um dos três maiores racionalistas – o precursor da modernidade iluminista que conclama a humanidade a viver sob a égide da razão. Para outros, ele é o inimigo das tradições que nos sustentam e o negador do que há de nobre entre os homens.
Sua obra mais conhecida “A Ética” é um trabalho monumental que apresenta uma visão ética que se desdobra numa metafísica monista em que Deus e a natureza se identificam. Deus não é mais que o transcendente criador do universo e que o governa por meio da providência.
Contudo, a natureza em si é entendida como infinita e um sistema plenamente determinista do qual os seres humanos fazem parte. O homem busca a felicidade somente através de uma compreensão racional desse sistema e seu lugar dentro dele.
A Ética somente seria publicada após sua morte, em 21 de fevereiro de 1677, sem que seu nome fosse mencionado, e foi necessário aguardar um século para que o apaziguamento religioso permitisse ler suas obras. Seu pensamento inspiraria inúmeros filósofos como Denis Diderot, Georg W. F. Hegel, Karl Marx, Friedrich Nietzsche e ainda Henri Bergson.