Em 2 de agosto de 1788, morre o inglês Thomas Gainsborough, considerado um dos grandes mestres do retrato e da paisagem. Suas obras estão expostas nos mais importantes museus europeus. Suas telas, impregnadas de melancolia poética, possuem clara reminiscência das paisagens flamengas do século 17.
Gainsborough nasceu em Sudbury em 14 de maio de 1727. Aos 13 anos impressionou seu pai com suas habilidades no desenho que o enviou a Londres, em 1740, para estudar arte. Na capital estudou com o gravador francês Hubert Gravelot e mais tarde, pintura com Francis Hayman, pintor de temas históricos. Ajudou Hayman na decoração dos palcos superiores dos Jardins de Vauxhall.
Por intermédio de Gravelot, recebeu influência de artistas da escola flamenca e do pintor barroco Anthony van Dyck. Em 1746, casou-se com Margaret Burr e regressou a Sudbury, concentrando-se na pintura de retratos.
Em 1752, mudou-se com sua família para Ipswich. Aumentaram as encomendas de retratos pessoais, porém sua clientela preferencial era de comerciantes e fidalgos, locais.
Entre 1759 e 1774 viveu em Bath, balneário de moda, onde pintou numerosos retratos como “A Mulher de Azul” e paisagens. Em 1761, começou a enviar trabalhos para a exposição da Society of Arts de Londres. A partir de 1769 exibiu uas obras nas exposições anuais da Royal Academy. Selecionou retratos de pessoas ilustres para chamar a atenção. Ao conquistar reputação nacional foi convidado a ser um dos membros da Royal Academy.
Em 1774, os Gainsborough trasladam-se definitivamente para Londres. Em 1780, pintou os retratos do rei George III e da rainha consorte, Carlota Sofia, recebendo posteriormente muitos outros encargos reais, o que lhe permitiu impor a forma como desejava que se expusesse sua obra.
Em 1784, morre o pintor real e o rei se vê obrigado a oferecer o posto ao rival de Gainsborough e presidente da Academia, Joshua Reynolds. Não obstante, continuou sendo o pintor favorito da família real. Foi também o artista preferido pela aristocracia britânica e amealhou grande fortuna com suas obras.
Gainsborough destacou-se pela rapidez com que executava suas telas e trabalhou mais a partir das observações da natureza e da natureza humana que na aplicação das regras acadêmicas.
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Gainsborough foi considerado um dos grandes mestres do retrato e da paisagem
A sensibilidade poética de suas pinturas arrancou manifestações de reconhecimento: “observando-as, saem lágrimas de nossos olhos e não sabemos o que as provoca.” A característica de suas paisagens se revela pela forma com que fundia as figuras retratados com os cenários por detrás delas. Sua obra posterior se caracterizou por uma palheta ligeira e pinceladas econômicas e fáceis.
Suas telas mais famosas, como “Retrato da senhora Graham”; “Mary e Margaret: as Filhas do Pintor”; “William Hallett e sua esposa Elizabeth”, conhecida como “O Passeio Matutino e Moça do Campo com Cão e Jarra”, exibem a individualidade única de seus personagens. Em seu último ano de vida colaborou com John Hoppner, pintando um retrato de corpo inteiro de Charlotte, Condessa de Talbot.
Executou mais de 500 obras, das quais 230 são retratos. Caracterizam-se pela nobre e refinada elegância das figuras, o encanto poético e as cores frias, principalmente verde e azul, de pincelada solta, delgada e longa em seu traço.
Ambientou muitas vezes seus personagens ao ar livre: O Senhor e a Senhora Andrews (c. 1750, National Gallery de Londres), um dos primeiros exemplos da capacidade de Gainsborough em fundir dois gêneros distintos criando uma obra harmoniosa.
O mesmo se pode dizer de “Retrato das Irmãs Linley” (1772, Dulwich Gallery) em que as cálidas cores de outono do bosque se fundem com as cores dos vestidos das irmãs de forma que os rostos parecem emergir do cenário que as rodeia.
Gainsborough pintou também paisagens sem figuras, sobretudo bosques ou campos abertos e agrestes, entre os quais se destacam: “Bosque de Cornard” (1748), “O Bebedouro de Animais” (c. 1777) e “A Carreta do Mercado” (1786), todos do acervo da National Gallery.
Outros de seus retratos importantes são: “Sara Buxton” (1776-1777, Museu Thyssen-Bornemisza, Madri); “O Médico Isaac Henrique Sequeira” (Museu do Prado, Madri); “A Família Baillie” (1784); “A Esposa de William St Quintin” (1767-1768); “O Passeio Matinal” (1785-1786); “A Senhora Siddons” (1785) estes quatro últimos expostos na National Gallery de Londres.