Em 20 de fevereiro de 1811, o escritor François-René de Chateaubriand, considerado o pai do romantismo francês, foi eleito para a Academia Francesa, porém foi proibido por Napoleão Bonaparte de pronunciar diante de seus pares o discurso de posse – um elogio à liberdade e um ataque à revolução.
A ameaça de prisão do imperador Napoleão chegou a Chateaubriand por meio do duque de Rovigo. O escritor acreditava poder manter sua independência; no entanto, as diversas menções às liberdades contidas em seu discurso colocavam a Academia em situação delicada. Nele, Chateaubriand criticava as ideais de seu predecessor, reprovava o regicídio e exaltava a liberdade. O texto foi submetido à apreciação do imperador que, não podendo dobrar a consciência do autor, simplesmente proibiu a leitura da peça.
Chateaubriand foi exilado a Dieppe, só vindo a ocupar sua cadeira na Academia sob a Restauração, tornando-se desde então um político. Nomeado por Luis XVIII embaixador na Suécia em 1814, foi impedido, com o retorno de Napoleão, de assumir o posto.
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Orador político e publicista, Chateaubriand exerceu influência considerável sobre a literatura francesa no começo do século 19, tendo sido o primeiro escritor do romantismo. Morreu em 4 de julho de 1848 em Paris.
Chateaubriand nasceu em 4 de setembro de 1768, em Saint-Malo, na costa setentrional do país. Oriundo de uma família aristocrática, passou a infância no castelo ancestral de Combourg. Sentia desde muito cedo a vocação eclesiástica, no entanto decidiu tentar a sorte fazendo carreira na Marinha, seguindo o exemplo de alguns dos seus antepassados. Por volta de 1786, já era subtenente e, pouco depois, teve a honra de ser apresentado ao então rei da França, Luís XVI, pelo que passou a frequentar a corte de Paris.
A vida suntuosa foi interrompida pela eclosão da Revolução Francesa em 1789. Embora tivesse compactuado a princípio com os revolucionários, logo se desiludiu, ao testemunhar os horríveis massacres perpetrados contra a nobreza. Decidiu partir em busca de aventura na América do Norte em 1791, regressando a Saint-Malo apenas no ano seguinte, fascinado pela natureza ainda intacta do Mississipi e pela beleza imponente das cataratas do Niágara.
Não muito tempo depois, voltou a se sentir descontente com o rumo que a França tomava, decidindo juntar-se ao Exército contrarrevolucionário estacionado na Alemanha. A tentativa de restauração da monarquia fracassou em 1793, depois do cerco de Thionville, de onde Chateaubriand saiu ferido. Procurou, então, refúgio na Inglaterra, lá permanecendo cerca de 7 anos.
De novo na França, em 1800, sofreu enorme desgosto ao ter notícias da morte da mãe e da irmã e tornou a abraçar a fé católica. No ano seguinte, publicou o seu primeiro livro, um romance intitulado Atalá, em que contava a história dos amores entre um índio e uma virgem cristã algures no território da Louisiana. Em 1802, apareceu a sua obra mais conhecida, O Gênio do Cristianismo ou As Belezas da Religião Cristã, obra em que procurava reavivar o interesse pelo catolicismo, traduzido para o português por Camilo Castelo Branco.
Imiscuindo-se novamente na política, pôs-se a serviço de Napoleão Bonaparte o qual, em 1803, o nomeou embaixador francês em Roma. Demitiu-se logo no ano seguinte, após o assassinato do Duque de Enghien. Distanciando-se assim de Napoleão, zarpou de viagem em 1806, desta feita rumo ao Oriente, visitando lugares tão longínquos como a Grécia, a Turquia, o Egito e a África do Norte, em busca dos lugares onde a fé cristã começara. Em resultado desta sua experiência, publicou Os Mártires ou O Triunfo da Religião Cristã (1809).
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Considerado o pai do romantismo francês, autor foi proibido de falar pelo imperador francês em função do tom crítico de seu texto