Em 13 de dezembro de 1838, eclode uma revolta popular na província do Maranhão que se estende até 1841 e viria a ser conhecida como Balaiada. O nome se deve ao apelido do artesão Manoel Francisco dos Anjos Ferreira, o “Balaio” (por fabricar cestos), principal liderança do movimento.
Os privilégios e desmandos que marcavam o passado colonial não haviam sido superados com a proclamação da independência. Na Balaiada, tal conjuntura ficou evidente. As causas da revolta estavam relacionadas às condições de miséria e opressão da população. Os rebelados se voltaram contra os grandes proprietários agrários da região.
Na época do movimento, viviam na província aproximadamente 200 mil homens, dos quais 90 mil eram escravos e outra grande parcela era formada de sertanejos ligados à lavoura ou à pecuária. Herdando uma estrutura social gerada na produção do algodão, a região encontrava-se, nesse momento, econômica e socialmente instável.
A produção algodoeira, fundando-se apenas em condições internacionais (guerra de independência dos Estados Unidos, Revolução Industrial etc.), desabou paralelamente ao desaparecimento dos fatores externos favoráveis à economia exportadora.
Com isso, no início do século XIX a economia maranhense atravessava uma forte crise, em grande parte decorrente da concorrência do algodão norte-americano no mercado internacional.
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As causas da revolta estavam relacionadas às condições de miséria e opressão da população
Além disso, o estabelecimento da Lei dos Prefeitos (que concedia ao governador o privilégio de nomear os prefeitos municipais) causou outro tipo de atrito. O mandonismo político acirrou as relações do povo com as instituições governamentais.
O artesão Manoel dos Anjos Ferreira acusa o oficial Antônio Raymundo Guimarães de ter abusado sexualmente de suas filhas. Em protesto, começa a lutar contra as autoridades provinciais. Após conquistar vários adeptos, os revoltosos conseguem controlar a cidade de Caxias, um dos maiores centros comerciais da época. A natureza popular do movimento ameaçou a estabilidade dos privilégios econômicos dos que detinham o poder local no Maranhão.
Naquele mesmo ano, o negro Cosme Bento de Chagas, com o apoio de aproximadamente 3 mil escravos fugidos, une-se à rebelião. O grande número de negros envolvidos na revolta deu traços raciais à questão da desigualdade. Em resposta aos levantes, o então coronel Luís Alves de Lima e Silva (mais tarde conhecido como Duque de Caxias) é designado para controlar a situação.
Em 1841, com farto armamento e um grupo de 8 mil homens, Lima e Silva derrota os revoltosos. A desarticulação entre os vários braços da Balaiada e a desunião em torno de objetivos comuns facilitam bastante a ação repressora das forças do governo.
Todos os negros fugidos acusados de envolvimento na revolta são reescravizados. Manoel Francisco é abatido durante o movimento de retaliação da revolta. O líder dos escravos, Cosme Bento, é preso e condenado à forca em 1842.