Em 8 de outubro de 1871, desatam-se violentas chamas num estábulo de Chicago pertencente a Patrick e Catherine O’Leary, dando início a dois infernais dias de fogo que mataram entre 200 e 300 pessoas, destruíram 17.450 casas, deixaram 100 mil pessoas desabrigadas e causaram prejuízos estimados em 200 milhões de dólares – equivalente a 3,3 bilhões de dólares em 2012.
Conta a lenda que uma vaca teria tropeçado numa lamparina dentro do estábulo de O’Leary, precipitando o início do incêndio. Porém outras versões sustentam que seres humanos e mesmo um cometa seriam responsáveis pelo episódio que deixou uma enorme área do Windy City, inclusive seu distrito comercial, em ruínas.
O tempo seco e a abundância de casas de madeira, ruas estreitas e becos faziam de Chicago um local bastante vulnerável ao fogo. A cidade registrava dois incêndios por dia em 1870; houve vinte deles em toda a cidade antes do Grande Incêndio de 1871.
A despeito da devastação, muito da infraestrutura física de Chicago, inclusive os sistemas de água, esgoto e transporte, permaneceu intacta.
Paola Orlovas
Em 8 de outubro de 1871 desatam-se violentas chamas num estábulo de Chicago pertencente a Patrick e Catherine O’Leary
Esforços para a reconstrução começaram rapidamente e alentaram um grande desenvolvimento econômico e crescimento populacional, assim que arquitetos e urbanistas, com seus projetos, lançaram as bases de uma cidade moderna, quando surgiram os primeiros arranha-céus do mundo.
À época do incêndio, a população de Chicago era de aproximadamente 324 mil habitantes. Nos nove anos seguintes alcançou 500 mil. Em 1893, a cidade já era um grande centro nevrálgico econômico e um polo em matéria de transportes, em especial, o ferroviário, com uma população estimada em 1,5 milhão.
Nesse mesmo ano, Chicago foi escolhida para sediar a Exposição Mundial Colombiana, grande atração turística visitada por 27,5 milhões de pessoas, aproximadamente a metade da população dos Estados Unidos de então.
Em 1897, o Conselho Municipal de Chicago inocentou a senhora O’Leary e sua vaca. Tarde demais. Após o incêndio, amargurada, ela se afastara de tudo e de todos, passando a viver em reclusão. Morreu em 1895.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.