Em 1º de agosto de 1914, quatro dias após a Áustria-Hungria ter declarado guerra contra a Sérvia, a Alemanha e a Rússia declaram guerra uma à outra. A França, por sua vez, decretou mobilização geral de suas tropas. As primeiras unidades do exército germânico atravessam a fronteira com Luxemburgo em preparação para a invasão alemã da França.
Durante os três dias subsequentes, a Rússia, a França, a Bélgica e o Reino Unido alinham-se contra a Áustria-Hungria e a Alemanha enquanto o exército alemão invade a Bélgica.
A “Grande Guerra” que se seguiu foi uma sem precedentes e colossal perda de vidas e destruição, resultando na morte de cerca de 20 milhões de soldados e civis.
Primeira Guerra Mundial: como tudo começou
Em 28 de junho de 1914, num acontecimento que é visto em geral como a centelha que fez desencadear a Primeira Guerra Mundial, o arquiduque Francisco Fernando, herdeiro do império austro-húngaro, foi assassinado junto com sua esposa por um sérvio da Bósnia, Gavrilo Princip, em Sarajevo.
O arquiduque estava inspecionando as forças armadas imperiais de seu tio estacionadas na Bósnia-Herzegovina, a despeito das ameaças dos nacionalistas sérvios que queriam essas possessões austro-húngaras para se incorporar a uma almejada união dos povos eslavos nos Bálcãs.
A Áustria-Hungria acusou o governo sérvio pelo atentado e esperava valer-se do incidente como justificativa para resolver o problema do nacionalismo pan-eslavo de uma vez por todas. Entretanto, como a Rússia apoiava a Sérvia, a declaração de guerra austro-húngara teve de ser adiada até que seus líderes recebessem garantias de que o chefe de Estado alemão, o kaiser Guilherme II, defenderia sua causa no caso de uma intervenção russa.
Em 28 de julho, a Áustria-Hungria declarou guerra à Sérvia e a frágil paz entre as grandes potências da Europa entrou em colapso. Em 29 de julho, as forças austro-húngaras começaram a bombardear a capital da Sérvia, Belgrado. A Rússia, aliada da Sérvia, em represália, ordenou a mobilização de suas tropas para pronta confrontação com a Áustria-Hungria.
A França, aliada da Rússia, iniciou sua própria mobilização em 1º de agosto. A França e a Alemanha declararam guerra uma a outra em 3 de agosto. Após cruzar o neutro Luxemburgo, o exército alemão invadiu a Bélgica na noite de 3 para 4 de agosto, levando o Reino Unido, aliado da Bélgica, a declarar guerra contra a Alemanha.
Em sua maioria, a população da Europa saudou a deflagração da guerra. Os patriotas mais entusiasmados alardeavam que seus países sairiam vitoriosos dentro de meses.
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Império austro-hungaro declarou guerra contra a Sérvia e na sequência, outros países aderiram às hostilidades bélicas
O que foi Plano Schlieffen
Dos beligerantes iniciais, a Alemanha é a que estava melhor preparada para a eclosão das hostilidades. Seus chefes militares haviam formatado uma sofisticada estratégia militar conhecida como o “Plano Schlieffen” que visava conquistar a França por meio de uma grande ofensiva em forma de pinça através da Bélgica e do norte da França. A Rússia, lenta em se mobilizar, seria mantida ocupada pelas forças austro-húngaras enquanto a Alemanha atacaria a França.
O Plano Schlieffen estava prestes a obter sucesso, mas, no começo de setembro, os franceses recobraram vigor e contiveram o avanço germânico na sangrenta Batalha do Marne, perto de Paris. No final de 1914, bem mais de um milhão de soldados das várias nacionalidades já haviam morrido nos campos de batalha da Europa e nenhum dos Aliados nem as Potências Centrais tinham a vitória à. No front ocidental a linha de combate se estendia pelo norte da França e pela Bélgica, e os combatentes permaneciam nas trincheiras travando uma terrível guerra de atrito.
Em 1915, os Aliados tentaram quebrar o impasse através de uma invasão anfíbia da Turquia, que se havia juntado às Potências Centrais em outubro de 1914, contudo após um banho de sangue interminável os Aliados foram forçados a se retirar no começo de 1916. O ano de 1916 assistiu às grandes ofensivas da Alemanha de um lado e do Reino Unido de outro ao longo do front ocidental, porém nenhum dos lados pôde conquistar uma vitória decisiva.
No front oriental, a Alemanha teve mais sucesso e o desorganizado exército russo sofreu terríveis perdas, estimulando a eclosão da Revolução Russa em 1917. No final de 1917, os bolcheviques tomaram o poder na Rússia e imediatamente propuseram a abertura de negociações de paz com a Alemanha.
Em 1918, a entrada de tropas e recursos dos Estados Unidos no front ocidental fez o fiel a balança pender para os Aliados. Desprovida de recursos humanos adicionais e de suprimentos e confrontada com uma iminente invasão, a Alemanha assinou um armistício com os Aliados em novembro de 1918.
A Primeira Guerra Mundial seria conhecida como “a guerra que acabaria com todas as guerras” devido à gigantesca carnificina e destruição que causou.
Desafortunadamente, o tratado de paz que oficialmente encerrou o conflito – o Tratado de Paz de Versalhes de 1919 – listou termos punitivos de tal forma à Alemanha que desestabilizou a Europa, criou o caldo de cultura do avanço do nazismo e aplainou o terreno para a grande hecatombe da Segunda Guerra Mundial, ainda mais dantesca em termos de morte e destruição.