Na madrugada de 9 de março de 1916, algumas centenas de guerrilheiros mexicanos sob o comando de Francisco “Pancho” Villa cruzam a fronteira Estados Unidos-México e atacam a pequena cidade fronteiriça de Columbus, no Estado do Novo México. Dezessete norte-americanos foram mortos nesta investida e o centro da cidade foi incendiado. Não ficou claro se Pancho Villa participou pessoalmente o ataque, porém o presidente Woodrow Wilson ordenou que o exército norte-americano invadisse o México a fim de capturar o líder rebelde, vivo ou morto.
Antes desta invasão ao território dos Estados Unidos, Pancho Villa já era conhecido dos norte-americanos por suas façanhas durante a Revolução Mexicana. Ele liderara a famosa División del Norte, com sua brilhante cavalaria, “Los Dorados”, assumindo o controle do norte do México após uma série de audaciosos ataques.
Em 1914, em seguida à renúncia do líder mexicano Victoriano Huerta, Pancho Villa e seu antigo aliado revolucionário Venustiano Carranza combateram entre si pela sucessão de Huerta. No final de 1915, Villa refugiou-se no Norte em meio às montanhas, tendo o governo dos Estados Unidos reconhecido o general Carranza como presidente do México.
Em janeiro de 1916, como protesto pelo apoio de Wilson a Carranza, Villa executou 16 cidadãos norte-americanos em Santa Isabel, no norte do México. Ordenou então, no começo de março, o assalto a Columbus. A cavalaria do posto avançado do exército dos Estados Unidos nas proximidades do Camp Furlong perseguiu os mexicanos, matando algumas dezenas de rebeldes no solo norte-americano e também em território mexicano antes de retornar ao seu posto.
Em 15 de março, por ordem da Casa Branca, o brigadeiro-general John Pershing lançou uma expedição punitiva em território mexicano com o fim de capturar Pancho Villa e dispersar os rebeldes. A expedição envolveu cerca de 10 mil soldados e pessoal de apoio. Foi a primeira operação militar norte-americana a empregar veículos mecanizados, inclusive automóveis e aeroplanos.
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Pacho Villa guerrilheiros mexicanos sob o comando de Francisco "Pancho" Villa cruzam a fronteira Estados Unidos-México e atacam Columbus
Durante 11 meses, Pershing fracassou em capturar o escorregadio chefe revolucionário, em parte porque Villa conhecia como a palma da mão o terreno do norte do México e por outra devido ao apoio que a população das localidades lhe emprestava.
Entrementes, ressentimentos quanto à violação de Washington do território mexicano levaram a uma crise diplomática de proporções grandes com o governo na Cidade do México. Em 21 de junho, a crise escalou para a violência quando tropas mexicanas atacaram um destacamento da 10ª Cavalaria do Exército dos Estados Unidos em Carrizal, México, deixando 12 norte-americanos mortos, 10 feridos e 24 feitos prisioneiros. Os mexicanos sofreram mais de 30 vítimas fatais. Não fosse pela crítica situação no teatro de guerra na Europa durante a I Guerra Mundial, uma guerra entre México e Estados Unidos poderia ser formalmente declarada.
Em janeiro de 1917, tendo fracassado em sua missão de capturar Pancho Villa e sob continuada pressão do governo mexicano, Washington ordenou a retirada total de suas tropas do território mexicano.
Villa continuou com suas atividades guerrilheiras na região norte do país até Adolfo de la Huerta tomar posse do governo e propor à nação uma constituição reformista. Villa entabulou um acordo amigável com Huerta e concordou em se retirar da política.
Em 1920, o governo anistiou Pancho Villa. Todavia, três anos mais tarde ele foi assassinado em seu rancho em Parral.