Por se oporem ao regime nazista, Hans Scholl e sua irmã Sophie, os líderes da organização juvenil alemã Weisse Rose (Rosa Branca), são presos em 18 de fevereiro de 1943 pela Gestapo, a polícia política.
A Rosa Branca era composta por estudantes universitários, principalmente alunos de medicina que denunciavam Adolf Hitler e seu regime. O fundador, Hans Scholl, era ex-membro da Juventude Hitlerista que cresceu desencantado com a ideologia nazista.
Estudante na Universidade de Munique em 1940-41, encontrou-se com duas pessoas cultas que professavam a religião católica romana e que redirecionaram sua vida. Passando da medicina para a religião, filosofia e artes, Scholl reuniu em torno de si amigos com ideias próximas e que também odiavam os nazistas. Assim nasceu a Rosa Branca.
FORTALEÇA O JORNALISMO INDEPENDENTE: ASSINE OPERA MUNDI
Durante o verão de 1942, Scholl e um amigo redigiram quatro panfletos que expunham e denunciavam as atrocidades nazistas e da organização paramilitar nazista SS, inclusive o extermínio dos judeus e da nobreza polonesa. Conclamando para a resistência ao regime, o texto era entremeado de citações de grandes escritores e pensadores, de Aristóteles a Goethe, e exigia o renascimento da universidade alemã. Esta era uma meta de uma elite culta dentro da Alemanha.
Os riscos envolvidos em tal iniciativa eram enormes. As vidas dos cidadãos comuns eram monitoradas e qualquer desvio de uma absoluta lealdade ao Estado, punido duramente. Até mesmo uma observação crítica informal a Hitler ou aos nazistas poderia resultar na prisão pela Gestapo. Já os estudantes da Rosa Branca – a origem do nome do grupo é incerta, possivelmente provem do desenho de uma flor em seus panfletos – arriscavam tudo, simplesmente motivados pelo idealismo, por uma moral elevada e princípios éticos, além de simpatia por seus vizinhos e amigos judeus. A despeito dos riscos, a irmã de Hans, Sophie, uma estudante de biologia da mesma universidade de seu irmão, pediu para participar das atividades da Rosa Branca. Foi então que descobriu a operação secreta de seu irmão.
Em 18 de fevereiro de 1943, Hans e Sophie deixam uma pasta cheia de cópias de outro panfleto no edifício principal da universidade. O folheto declarava, em parte: “O Dia do Juízo Final chegou, o juízo final da nossa juventude alemã com a mais abominável tirania que o nosso povo jamais suportou. Em nome de todo o povo germânico exigimos do Estado de Adolf Hitler o retorno à liberdade pessoal, o mais precioso tesouro dos alemães que ele astuciosamente nos roubou”.
Os dois foram descobertos por um bedel e denunciados à Gestapo, que os prendeu. Levados à “Corte Popular” de Hitler, estavam condenados de antemão, o julgamento a que foram submetidos não passou de uma farsa e a sentença foi prolatada imediatamente. No interrogatório, Sophie negou tudo, desesperada por proteger o irmão e os demais companheiros. Mas quando descobre que o irmão confessou, deixa de mentir. Os Scholls, ao lado de outro membro da Rosa Branca, também capturado, foram sentenciados à pena de morte. Foram decapitados – uma punição reservada apenas a “traidores políticos” – em 23 de fevereiro, mas não sem antes Hans Scholl bradar “Viva a Liberdade!”.
A tragédia dos Scholl foi levada às telas com o filme alemão Sophie Scholl – Os Últimos Dias, que conquistou o Urso de Prata do Festival Internacional de Berlim de 2005 além de outras 14 premiações e nove indicações.
Os membros da Rosa Branca, principalmente Sophie Scholl, são ainda hoje respeitados e todas as cidades têm ruas com os seus nomes, em memória dos estudantes que tentaram de forma heroica pôr fim à crueldade e à enorme indiferença existente na Alemanha nazista.
Wikicommons
Membros da Rosa Branca são ainda hoje respeitados e todas as cidades têm ruas com os seus nomes