Em 6 de junho de 1944, cumprindo os planos da operação “Overlord”, cerca de cinco mil navios desembarcam 130 mil homens em 35 quilômetros de praias na Normandia, França – no denominado “Dia D”.
Na noite precedente, paraquedistas foram lançados por detrás das linhas alemãs e os aviões aliados começaram a bombardear as fortificações do “Muro do Atlântico”. Esse desembarque, levado a cabo sob o comando do general norte-americano Dwight Eisenhower, havia sido secretamente preparado na Inglaterra durante um ano.
No final de julho, os aliados já tinham desembarcado não menos do que 1,5 milhão de combatentes no solo da França. Em maio de 1945, a Alemanha capitularia diante do Exército Vermelho que já havia tomado Berlim e ante os aliados que avançavam a oeste na Alemanha.
Embora a expressão “Dia D” seja usada rotineiramente como um jargão militar para um dia em que uma operação ou evento tenha lugar, para os historiadores é sinônimo de 6 de junho de 1944, o dia em que as forças aliadas deram início à libertação da Europa Ocidental do controle nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
Num espaço de três meses, a parte norte da França já estaria libertada e a força invasora já se preparava para invadir a Alemanha, aonde viriam a se encontrar com as tropas soviéticas que vinham do oriente.
Desenrolar da Operação
Com os exércitos de Hitler no controle de grande parte da Europa Ocidental, os aliados sabiam que o êxito da invasão no continente era fundamental para ganhar a guerra e essencial para conter o ímpeto do Exército Vermelho em direção a oeste.
Hitler sabia disso também e aguardava o assalto ao nordeste da Europa na primavera de 1944. Tinha esperança de repelir os aliados empurrando-os para o mar com um poderoso contra-ataque que retardariam futuras tentativas de invasão, dando-lhe tempo de transferir o grosso das tropas que combatiam no leste depois de derrotar a União Soviética. Uma vez que isto tivesse sido alcançado, acreditava que a vitória seria sua. Contudo, Stalingrado cortou totalmente esta possibilidade.
Na manhã de 5 de junho de 1944, o general Dwight D. Eisenhower, comandante-supremo das forças aliadas na Europa deu a ordem de lançar a operação “Overlord”, a maior das operações militares anfíbias da história. Naquela noite, paraquedistas que lotavam 822 aviões saltaram em diversas áreas da Normandia. Uma frota aérea adicional de 13 mil aviões foi mobilizada para dar cobertura e apoiar a invasão.
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Desembarque das tropas norte-americanas na praia da Omaha, na Normadia
No alvorecer de 6 de junho, 18 mil paraquedistas já estavam em terra. A invasão pelo mar começou às 06h30. Soldados britânicos e canadenses tiveram pouca dificuldade em ocupar as praias de Ouro, Juno e Espada; o mesmo ocorreu com os norte-americanos na praia de Utah.
A tarefa foi muito mais dura na praia Omaha, onde dois mil soldados morreram e apenas devido à tenacidade e a rápida compreensão tática das tropas já em terra é que o objetivo foi alcançado. No fim do dia, 155 mil soldados britânicos, norte-americanos e canadenses já dominavam as praias da Normandia.
Erro alemão
De sua parte, os alemães mostraram uma grande confusão em suas linhas em boa parte devido à ausência de seu celebrado comandante, o marechal-de-campo Erwin Rommel, que estava afastado, de licença. A princípio, Hitler, acreditando que a invasão era apenas um ataque simulado destinado a distrair as tropas nazistas de um futuro ataque ao norte do rio Sena, recusou-se a liberar as divisões que se encontravam nas imediações para se juntar ao contra-ataque.
Reforços tiveram que vir de longe do teatro de operações o que causou considerável atraso. Hesitou também em mobilizar suas divisões blindadas para ajudar na defesa. Além disso, os alemães mostraram evidente inferioridade aérea, não conseguindo impedir que os aviões aliados destroçassem diversas pontes o que obrigava as tropas alemãs a realizar percursos mais longos. Outro aspecto importante, foi que os nazistas não conseguiram neutralizar o eficiente apoio naval que ajudou a proteger o avanço aliado por terra.
Embora nem tudo tivesse ocorrido exatamente segundo o planejado, como mais tarde afirmou o marechal-de-campo britânico Bernard Montgomery – os aliados, por exemplo, foram capazes de desembarcar apenas parte do suprimento e dos veículos que tinham intenção de fazê-lo – o “Dia D” foi um decisivo sucesso. No final de junho, os aliados tinham já 850 mil homens e 150 mil veículos na Normandia e estavam posicionados para prosseguir seu avanço em direção à Alemanha.
O heroísmo e a bravura demonstrados pelas tropas dos países aliados serviu de inspiração para inúmeros filmes, entre os quais os famosos The Longest Day (O Mais Longo dos Dias – 1962 de Darryl F. Zanuck) e Saving Private Ryan (O Resgate do Soldado Ryan de Steven Spielberg – 1998).
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.