Aparece pela primeira vez na imprensa escrita, em 2 de outubro de 1950, uma tira do Snoopy (Peanuts) de autoria do cartunista Charles Schulz, considerado por muitos artistas como o maior da área. Schultz morreu em fevereiro de 2000, aos 77 anos, tendo-se recusado a passar o bastão para algum continuador de sua obra quando foi diagnosticado com câncer no intestino.
Criando personagens que logo se tornariam extremamente populares, Schulz dava vida, com seus desenhos limpos, suaves e expressivos, a crianças e animais de cabeças enormes e corpos diminutos, ao mesmo tempo engraçados, estranhos e ternos.
Entre os seus principais personagens encontram-se Charlie Brown, um menino simpático, porém atrapalhado, azarado, ansioso, muitas vezes fracassado, mas sempre persistente; Lucy, sua amiga sarcástica, mandona, sempre alardeando sabedoria; Linus, um vira-lata filósofo, transmitindo sensação de segurança; e Snoopy, que em norueguês quer dizer afeto, um cão da raça beagle, romântico e sempre se auto iludindo.
No auge de sua popularidade, os Peanuts alcançaram cerca de 355 milhões de leitores em 75 países, impressos em perto de 2.600 jornais em 21 idiomas. A tira, cujos personagens estavam presentes em centenas de produtos comerciais, fez dele o mais famoso dos cartunistas.
Os personagens Peanuts atingiram praticamente todos os meios de comunicação. O primeiro especial de televisão, ganhador do prêmio Emmy, Um Natal de Charlie Brown, estreou na CBS em 1965 e permaneceu como um dos grandes favoritos do público. A lista de filmes inclui Um menino chamado Charlie Brown e Corra atrás de sua vida, Charlie Brown.
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Personagens do cartoon Charlie Brown e Snoopy
Schulz reuniu suas criações em diversos livros: Peanuts, Mais Peanuts e Felicidade é ser um afetuoso filhote de cachorro.
Charlie Brown teve também carreira nos palcos. O musical Você é um homem bondoso, Charlie Brown estreou em 1967 num teatro da Off-Broadway, remontado posteriormente na Broadway, em 1999. A encenação conquistou dois prêmios Tony Ellen Taaffe Zwilich compôs o concerto Galeria Peanuts, que estreou no Carnegie Hall, em 1997.
Durante anos, Schultz desenhou com a mão trêmula, resultado de um esforço continuado. A par disso, perdeu parcialmente a visão de um dos olhos.
Schulz raramente refazia uma linha. Desenhava primeiro um rascunho leve que mal se via e que às vezes nem tinha de ser apagado depois. “Parecia que as ideias saíam de sua cabeça, passavam pelo braço e chegavam à mão e ao lápis. Para desenhar uma emoção, precisava senti-la. Então, esperava sentir a tristeza de Linus quando perdia seu cobertor”, revelou em entrevista sua mulher, Jennie.
Em sua carreira que se estendeu por cerca de 50 anos, Schultz jamais desenhou qualquer adulto, embora a voz dissimulada de um pai ou professor eventualmente surgisse em segundo plano.