Atualizada em 17 de fevereiro de 2020
Em 23 de fevereiro de 1954, um grupo de crianças de uma escola na Pensilvânia, nos Estados Unidos, recebeu as primeiras injeções da nova vacina contra a poliomielite, desenvolvida pelo médico Jonas Salk.
Embora não tão devastadora quanto a peste negra ou a gripe espanhola, a poliomielite era uma enfermidade altamente contagiosa que emergia como um surto e parecia impossível de conter, em meados do século XX. Atacando as células nervosas e por vezes o sistema nervoso central, a pólio causava deterioração muscular, paralisia e mesmo a morte.
Ainda que a medicina tivesse avançado enormemente durante a primeira metade do século nos países ocidentais, a poliomielite ainda assolava, afetando principalmente as crianças, mas também adultos. A mais famosa vítima de um surto ocorrido em 1921 nos EUA foi um político de 39 anos, Franklin Roosevelt, que viria a ser presidente. A doença avançou rapidamente, levando suas pernas a uma paralisia permanente.
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No final dos anos 1940, a “March of Dimes” (Marcha dos Tostões), uma organização de pessoas simples do povo fundada com a ajuda do presidente Roosevelt para encontrar um meio de se defender contra a pólio, conseguiu envolver Jonas Salk, chefe do Laboratório de Pesquisa de Vírus da Universidade de Pittsburgh. Salk tinha chegado à conclusão de que a pólio tinha cerca de 125 variedades de 3 tipos básicos e que uma vacina eficaz deveria reunir condições de combater todas os três. Fazendo aumentar os vírus isolados da pólio para então desativá-los ou “matá-los” pela adição de um produto químico chamado formalin, Salk desenvolveu sua vacina, capaz de imunizar o paciente sem infectá-lo.
Após as inoculações em massa, que começaram em 1954, todos ficaram maravilhados com a alta taxa de sucesso – algo em torno de 60% a 70% – até a vacina ter causado um súbito surto de cerca de 200 casos. Determinou-se posteriormente que os casos foram todos provocados por um lote defeituoso do medicamento. Os padrões de produção foram aperfeiçoados e em agosto de 1955, perto de 4 milhões de pessoas, a grande maioria de crianças, já haviam sido inoculadas. Os casos de poliomielite nos EUA caíram de 14.647 em 1955 a 5.894 em 1956. Em 1959, em torno de 90 outros países passaram a utilizar a vacina Salk.
Uma versão posterior de vacina contra a pólio, desenvolvida por Albert Sabin, empregou uma forma atenuada de vírus vivos. A vacina passou a ser aplicada via oral e não mais injetada. Foi licenciada e autorizada sua aplicação em 1962 e logo se tornou mais difundida que a vacina de Salk, por ser mais barata e mais fácil de vacinar em massa.
Ainda não existe cura para a poliomielite. Mas a utilização da vacina Sabin em vastas campanhas populares ao redor do mundo praticamente eliminou os casos de pólio nos países que a utilizam. Em 2018, foram registrados 30 casos novos da doença, em dois países apenas: Paquistão e Afeganistão, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Wikicommons
Campanha de vacinação contra a poliomielite
*Com informações da Organização Mundial de Saúde