Alfredo Arnoldo Cocozza, conhecido pelo nome artístico de Mario Lanza, tenor e ator norte-americano, morre em Roma aos 38 anos, em 7 de outubro de 1959.
O artista foi vítima de um ataque cardíaco, seguido de uma pneumonia dupla em agosto. Após a morte, a viúva, Betty Cocozza, mudou-se com os 4 filhos do casal para Hollywood, onde se suicidou com barbitúricos cinco meses depois.
Cocozza nasceu em 31 de janeiro de 1921 na Filadélfia, filho de imigrantes italianos. Aos 16 anos, anunciou sua intenção de converter-se em cantor. Foi descoberto pelo maestro Sergei Koussevitzky – que ficou tão impressionado com sua voz que lhe garantiu uma bolsa de estudos. Nesta época, decidiu usar Mario Lanza como nome artístico por sugestão de sua mãe, uma cantora amadora.
Estreou no Festival de Música de Berkshire, cantando em As Alegre Comadres de Windsor de Carl Nicolai. Sua carreira operística foi interrompida pela Segunda Guerra Mundial após ser chamado ao Exército. Retomou a carreira em outubro de 1945 em um programa radiofónico da CBS chamado “Os Grandes Momentos da Música”, em que fez seis apresentações. Mais tarde estudou sob a orientação de Enrico Rosati.
Iniciou posteriormente uma longa turnê de 86 concertos nos Estados Unidos, Canadá e México entre julho de 1947 e maio de 1948. Numa apresentação no Hollywood Bowl seu talento chamou a atenção de Louis Mayer, dono da Metro Goldwyn Mayer que com ele firmou um contrato para o cinema de 7 anos de duração.
A um tempo em que começava sua carreira cinematográfica fez suas primeiras gravações para a RCA Victor. Os primeiros discos, That Midnight Kiss e The Toast of New Orleans, foram tão exitosos que o levaram à fama.
Em 1951, Lanza encarnou na tela o tenor italiano Enrico Caruso no filme O Grande Caruso que teve estrondoso sucesso, o que não impediu ácida crítica de alguns especialistas.
Foi despedido em 1952, depois de gravar a trilha de O Príncipe Estudante. A razão mencionada na imprensa é que estaría com sobrepeso o que lhe impedia brilhar na película. Porém, segundo biógrafos, o motivo real foi uma discussão com o director Curtis Bernhardt quem exigiu que o cantor gravasse de novo a trilha sonora porque lhe pareceu “excesivamente emocional”.
Paola Orlovas
Tenor e ator norte-americano foi vítima de um ataque cardíaco, seguido de uma pneumonia dupla em agosto de 1959
A MGM se negou a substituir Bernhardt, exigencia de Lanza, e o filme foi estrelado pelo ator Edmund Purdom dublando a voz de Lanza. Ironicamente, o diretor do filme foi Richard Thorpe, o mesmo proposto por Lanza para substituir Bernhardt.
Deprimido por sua dispensa e com a autoestima socavada, Lanza buscou refúgio no álcool. Neste período esteve também muito próximo da falência devido às mas decisões de investimentos e, principalmente, em virtude de uma vida faustosa que lhe deixou dívidas em impostos de mais de 250 mil dólares.
Regressou ao cinema em 1955 com o filme Serenata de Anthony Mann com Joan Fontaine e Sara Montiel, que não teve grande éxito. Mudou-se para Roma em maio de 1957, onde trabalhou na película As Sete Colinas de Roma, em que cantou a célebre canção “Arrivederci Roma”. Voltou a realizar uma série de concertos na Inglaterra, Irlanda e em todo o continente europeu. A pesar da precariedade de sua saúde, o que o levou a cancelar inúmeros concertos, Lanza seguiu recebendo convites para óperas, concertos e filmes.
A curta carreira de Lanza abarcou ópera, rádio, concertos, gravações e filmes. Foi o primeiro artista da RCA Victor ´Selo Vermelho, da qual recebeu um Disco de Ouro. Também foi o primeiro artista a vender 2,5 milhões de álbuns. Lanza inspirou a carreira de sucessivos cantores de ópera, inclusive Plácido Domingo, Luciano Pavarotti e José Carreras – Os Três Tenores – quando resolveram popularizar a ópera.
Em 1994, o consagrado tenor José Carreras rendeu homenagem a Mario Lanza numa turnê de concertos por todo o mundo, tendo declarado “se sou cantor de ópera é graças a Mario Lanza”.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.