Estreou em Nova York, em 16 de junho de 1960, Psicose, do diretor Alfred Hitchcock. O filme, que causou forte impacto entre o público na época, é considerado uma das melhores produções de todos os tempos por diversas publicações, norte-americanas e estrangeiras.
Na trama, a principal personagem, Marion Crane (Janet Leigh), é esfaqueada debaixo do chuveiro. A sequência, de apenas 45 segundos, é considerada uma das mais bem elaboradas da história do cinema. São mais de 70 tomadas de câmera, cortes rápidos, montagem em ritmo alucinante.
Crane, uma secretária, começa o filme roubando 40 mil dólares do patrão e fugindo. Ela vai parar num sórdido motel, onde se torna amiga do dono, Norman Bates (Anthony Perkins), uma pessoa com problemas psicológicos. A fixação de Norman pela mãe (Vera Miles) selaria o destino de Crane.
Hitchcock já havia dirigido algumas obras-primas antes de 1960, mas Psicose é o seu filme mais assustador, cruel, sádico e ‘voyeur’ e que gerou um intenso debate público sobre violência.
A linguagem cinematográfica recorre a sugestões visuais, a fim de provocar suspense. Ele foi filmado em preto e branco porque Hitchcock temia que a cena do chuveiro ficasse chocante demais com o vermelho do sangue. O som das facadas, nesta mesma cena, na realidade é o som de um melão sendo esfaqueado.
O chuveiro que se vê filmado de baixo para cima na realidade tinha dois metros de diâmetro, para que a câmera captasse os jatos d'água com maior intensidade.
Tal foi o realismo da cena que Hitchcock recebeu carta de um pai enfurecido, dizendo que sua filha, apavorada, se recusava a entrar no chuveiro. Hitchcock respondeu, sugerindo ao pai que levasse a garota para uma lavagem a seco.
A formação católica do diretor abrange todos os temas que mais tarde incluiria em suas obras – terror provocado pelo desconhecido, por vezes a própria vítima inocente; culpa, tanto real quanto aparente; medo e redenção.
Dirigido por Alfred Hitchcock
Fascinado por números e tecnologia, Alfred ingressou no St. Ignatius College, dos jesuítas, porém deixou a instituição aos 16 anos, a fim de estudar engenharia na Universidade de Londres. O entusiasmo de Hitchcock pelo cinema coincidiu com um trabalho de desenhista de títulos e legendas para filmes mudos nos estúdios da Paramount em Londres. Em 1922, com 22 anos de idade, passou a trabalhar como assistente de direção.
Estreou como diretor com a obra O Jardim dos Prazeres (1925. Seu filme seguinte, O Pensionista (1926), foi um sucesso e alavancou sua carreira. Logo se tornou o diretor de maior êxito e o mais bem pago.
Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, Hitchcock emigrou para os Estados Unidos para dirigir Rebecca, a Mulher Inesquecível (1940). Embora o filme tenha conquistado um Oscar, não foi o de melhor diretor.
A década seguinte foi tremendamente produtiva. Hitchcock rodou diversos filmes, alguns clássicos menores – Disque M para Matar, Ladrão de Casaca e Pacto Sinistro – e quatro obras-primas – Janela Indiscreta, Um Corpo que Cai, Intriga Internacional e Psicose. Hitchcock escreveu, produziu e dirigiu filmes até 1979. Seus trabalhos mais conhecidos desse período incluem Os Pássaros, Marnie, Confissões de uma Ladra e Trama Macabra.
Mestre do suspense no cinema
O suspense de Hitchcock é acentuado pelo uso da música e de efeitos de luz. A ansiedade do espectador aumenta aos poucos, enquanto o personagem não tem consciência do perigo.
São apresentados dados ao espectador que o personagem não conhece, criando uma tensão em saber o que acontecerá quando o personagem descobrir. Em Psicose, somente o espectador vê a porta se entreabrir, esperando algo acontecer, enquanto um personagem sobe a escada.
Hitchcock conseguia causar suspense e terror valendo-se de objetos simples do cotidiano. Em Pacto Sinistro, por exemplo, foi o isqueiro esquecido por Guy e guardado por Bruno; Em Festim Diabólico, um pedaço de corda; Em Frenesi, uma simples gravata se torna uma arma; E em Pavor nos Bastidores uma boneca e um vestido têm importância vital na trama.
Hitchcock costumava fazer breves aparições mas só no início dos filmes para não distrair o público do enredo principal.
Outro fato marcante na data:
16/05/1961 – Bailarino soviético Nureyev deserta em Paris
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Filme foi gravado em preto e branco para que cena de sangue não fosse ‘chocante demais’