Em 5 de agosto de 1962, a atriz, cantora e modelo Marilyn Monroe foi encontrada morta no quarto de sua mansão de Los Angeles. Ela estava deitada na cama, nua, com o rosto para baixo e o telefone em uma das mãos. Frascos de comprimidos vazios, prescritos para tratamento de sua depressão, estavam espalhados pelo quarto.
Após uma breve investigação, a polícia da Los Angeles concluiu que sua morte havia sido causada “por uma overdose auto-administrada de drogas sedativas e que o motivo da morte era provavelmente o suicídio”. Mas muita gente levantou dúvidas quanto às circunstâncias da morte. Depressiva, aos 36 anos, ela tinha grandes dificuldades em suas relações amorosas e na rodagem de seu filme Something Got to Give, inacabado após o falecimento da atriz.
Marilyn Monroe nasceu como Norma Jeane Baker Mortenson em Los Angeles, em 1º de junho de 1926. Sua mãe era emocionalmente instável e frequentemente internada em sanatórios. Norma foi criada por uma sucessão de parentes adotivos e até viveu num orfanato. Aos 16 anos, casou-se com um colega de trabalho de uma fábrica de aviões, mas divorciaram-se poucos anos depois. Tornou-se modelo em 1944 e, em 1946, assinou um contrato de curto prazo com a 20th Century Fox, adotando então o nome artístico de Marilyn Monroe. Teve algumas pequenas participações, retornando à função de modelo, posando nua para um famoso calendário em 1949.
Começou a atrair atenção como atriz em 1950 depois de atuar em papeis menores em The Asphalt Jungle (O Segredo das Jóias) e All About Eve (A Malvada). Embora aparecesse muito brevemente desempenhando o papel de uma amante em ambos os filmes, os espectadores voltaram sua atenção para aquela loira estonteante e ela ganhou um novo contrato da Fox. Sua carreira de atriz alçou vôo no começo dos anos 1950 com belas performances em Love Nest (O Segredo das Viúvas – 1951), Monkey Business (O Inventor da Mocidade – 1952) e Niagara (Torrentes de Paixão – 1953).
Celebrada por sua voluptuosidade e um charme de encher os olhos, conquistou fama internacional com seus papeis de símbolo sexual em Gentlemen Prefer Blondes (Os Homens Preferem as Loiras – 1953), How to Marry a Millionaire (Como Agarrar um Milionário – 1953) e There's No Business Like Show Business (O Mundo da Fantasia – 1954). Em The Seven-Year Itch (O Pecado Mora ao Lado – 1955) mostrou seus dotes de comediante e exibiu a clássica cena quando se posta sobre uma grade do metrô e tem sua saia branca levantada pelo vento de um trem que passava. Em 1954, casou-se com o grande astro do basebol, Joe DiMaggio, atraindo uma publicidade extraordinária, mas seu casamento durou poucos meses.
Em 1955, estudou com Lee Strasberg no Actors Studio em Nova York, tendo em seguida um desempenho convincente como uma desafortunada cantora de cabaré em Bus Stop (Nunca Fui Santa -1956). Em 1956, casou-se com o celebrado dramaturgo Arthur Miller. Fez o filme The Prince and the Showgirl (O Príncipe Encantado) – fracasso comercial e de crítica – com o grande ator inglês Laurence Olivier em 1957 mas em 1959 teve um desempenho aclamado em todo o mundo com a comédia Some Like It Hot (Quanto Mais Quente Melhor).
Nesta clássica comédia de Billy Wilder, eleita pelos críticos norte-americanos como a melhor de todos os tempos, dois músicos (Jack Lemmon e Tony Curtis) testemunham um assassinato e passam a ser perseguidos. Ambos se disfarçam de mulher, entrando para uma banda só de moças. Marilyn Monroe ganhou o Oscar de Melhor Atriz e o filme, o Oscar de Melhor Figurino e os Globos de Ouro na categoria Comédia ou Musical de Melhor Filme, Melhor Ator (Jack Lemmon). Em seu ultimo papel, em The Misfits (Os Desajustados – 1961), foi dirigida por John Huston num roteiro escrito por Arthur Miller, de quem se divorciou apenas uma semana antes da estréia do filme.
Modern Screen
Marilyn Monroe em retrato feito para uma matéria na revista Modern Screen, em 1953
O adeus de Marilyn
Em 1961, Monroe, acossada pela depressão, estava sob constates cuidados de um psiquiatra. Crescentemente errática nos últimos meses de sua vida, vivia como uma virtual reclusa em sua casa em Brentwood, Los Angeles. Após a meia-noite, já no dia 5 de agosto de 1962, sua empregada, Eunice Murray, notou que as luzes do dormitório de Monroe estavam acesas. Quando Murray, encontrando a porta do quarto fechada e Marilyn não respondendo aos seus chamados, telefonou para o psiquiatra da artista, Dr. Ralph Greenson, que conseguiu entrar no quarto quebrando a vidraça de uma das janelas. Encontrou Marilyn morta e a polícia foi chamada instantes depois. A autópsia localizou uma quantidade fatal de sedativos em seu corpo e o motivo da morte arrolado como provável suicídio.
Em décadas recentes, surgiram várias teorias conspiratórias a respeito de sua morte, a maior parte das quais sustentando que foi assassinada por ordem de John ou Robert Kennedy, com quem teria mantido casos amorosos, Essas teorias alegam que os Kennedys a teriam matado (ou mandaram matá-la) porque temiam que ela tornasse público seus encontros e revelasse segredos governamentais que teria supostamente reunido.
Em 4 de agosto de 1962, Robert Kennedy, então procurador-geral instalado no gabinete de seu irmão, estava de fato em Los Angeles. Duas décadas após o fato, a governanta, Eunice Murray, anunciou pela primeira vez que Bob Kennedy visitou Marilyn na noite de sua morte e com ela discutiu, mas a credibilidade desta e de outras afirmações feitas por Murray foram consideradas questionáveis.
Quase cinco décadas após a sua morte, Marilyn Monroe mantém-se ainda como um grande ícone cultural. Detalhes desconhecidos de sua última performance só fazem aumentar a sua mística.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.