Em 9 de fevereiro de 1965, um batalhão de fuzileiros navais fortemente armados desembarcou em Da Nang, no Vietnã, cumprindo uma ordem do presidente norte-americano Lyndon Johnson, para proteger uma base aérea dos Estados Unidos na localidade.
Foi o primeiro envio de tropas de combate ao Vietnã do Sul. Houve uma considerável reação ao redor do mundo a esse novo estágio de envolvimento dos EUA na guerra. Como era de se esperar, tanto a União Soviética quanto a China ameaçaram intervir se Washington continuasse aplicando o poderio militar a favor dos sul-vietnamitas. O Reino Unido e a Austrália apoiaram a ação dos EUA, mas a França (ex-metrópole do Vietnã) pediu negociações.
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Para evitar o sacrifício, as decisões sobre o Vietnã não eram tornadas públicas. Não obstante, houve várias decisões no começo de 1965 que levaram a “americanizar” a Guerra do Vietnã e aumentaram os compromissos a níveis considerados temerários quando se iniciaram as discussões políticas a respeito do tema no início dos anos 1960.
Após um ataque Vietcong a um acampamento norte-americano em Pleiku, Johnson ordenou uma represália, bombardeando o Vietnã do Norte em 6 de fevereiro. Mais tarde, isto resultou num programa de bombardeios denominado Rolling Thunder (sucessão de trovões). Em março, decisões do alto comando levaram a uma escalada da guerra em solo. Em abril, o batalhão de marines desembarcou em Da Nang. Em maio, Johnson submeteu ao Congresso um pedido urgente para liberar verbas para o esforço de guerra no Vietnã. Em junho, Johnson nomeou o famigerado general William Westmoreland como comandante das tropas e das operações de combate naquele país.
De 16 mil soldados no final do governo Kennedy, a presença norte-americana ascendeu a 184 mil combatentes no final de 1965, alcançando um pico de 537 mil no último ano do governo Johnson. Em certo sentido, foi uma escalada sem respaldo na opinião pública. Não havia um clima dramático em que o povo pudesse ser chamado a cooperar. Na verdade, o aumento de tropas era anunciado sem qualquer espalhafato, quase na surdina.
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De 16 mil soldados no final do governo Kennedy, a presença norte-americana ascendeu a 184 mil combatentes no final de 1965
Johnson se encontrava em apuros, produto de uma era nuclear, da Guerra Fria e de políticas internas nos EUA. A armadilha envolvia um aliado vacilante cujo regime estava ameaçado. A opção de não utilizar força militar estava descartada pelo temor de um “sucesso comunista” e as repercussões domésticas que isto poderia desencadear. Todavia, acreditou-se que o uso de força militar irrestrita – como o cruzamento do rio Yalu na Guerra da Coreia – poderia envolver os EUA num confronto entre as superpotências. Johnson acreditava, por exemplo, que um esforço militar total, ou seja, o uso de armas nucleares estratégicas, poderia fazer eclodir uma resposta chinesa ou soviética ou de ambas as nações, o que levaria a uma guerra nuclear. Sob esta lógica, a ação deveria limitar-se à guerra convencional destinada a alcançar objetivos delimitados e políticos.
Por conseguinte, o objetivo era provocar nos norte-vietnamitas um nível de sofrimento tal que os obrigasse a negociar. Em decorrência dessa estratégia não titubearam em utilizar bombas napalm, desfolhantes laranja e outros armamentos químicos proibidos pela Convenção de Genebra. A guerra no Vietnã tornou-se o que os experts chamaram de “guerra de atrito”.
E essa “guerra de atrito” levou os norte-americanos a praticar crimes de guerra contra a população civil vietnamita, como em My Lay, que, ao lado dos soldados que retornavam do campo de batalha com severas perdas físicas e mentais e baixas aos milhares que voltavam em caixões cobertos com a bandeira americana, tudo isto tornado público pela mídia dos EUA, levaram ama dramática reação da opinião pública interna que passou a exigir em grandes manifestações o término do conflito. A tenacidade dos norte-vietnamitas e da guerrilha Vietcong, amparados por uma secular experiência de guerra, levaram-nos a uma vitória histórica.
Também nesta data:
1849 – Giuseppe Mazzini proclama a República Romana
1969 – Boeing 747 realiza primeiro voo comercial