Em 30 de maio de 1972, no hall do aeroporto de Lod, em Tel-Aviv, em Israel, três japoneses lançaram granadas e de fuzis-metralhadoras em punho atiram contra a multidão, fazendo 26 mortos e uma centena de feridos. Os terroristas pertenciam ao Exército Vermelho Japonês, organização criada em 1969, aliada à FPLP (Frente Popular pela Libertação da Palestina). Até então, nenhum agrupamento engajado no terrorismo havia praticado tal operação em território israelense. Outros membros do EVJ tornaram-se instrutores de artes marciais nos campos de treinamento do Hizbolá, como prática de outras ações suicidas.
Os terroristas chegaram ao aeroporto a bordo de um avião vindo de Paris. Vestindo trajes comuns e portando caixas como se fossem de violino, atraíram pouca atenção. Entrando na área de espera, abriram suas caixas e imediatamente começaram a disparar indiscriminadamente, primeiro nos funcionários e depois nos viajantes, matando 26 pessoas.
Entre as vítimas contava-se 16 peregrinos cristãos de Porto Rico e o professor Aharon Katzir, um internacionalmente renomado biofísico, cujo irmão, Ephraim Katzir, seria eleito presidente de Israel no ano seguinte. Dois dos três terroristas, Yasuda e Okudaira morreram no local. Yasuda foi morto pela polícia israelense e Okudaira, depois de lançar granadas e atirar nas pessoas que aguardavam embarque num avião da El-Al, detonou uma granada junto ao seu próprio corpo, cometendo haraquiri. O terceiro, Okamoto, ficou severamente ferido, mas sobreviveu, sendo capturado pelas autoridades israelenses.
O mundo mal podia acreditar que eram japoneses os autores do atentado. A opinião pública do Japão reagiu inicialmente com descrédito aos relatos iniciais das agências de notícias até que um funcionário da embaixada japonesa em Tel-Aviv confirmou que Okamoto era cidadão nipônico. Okamoto disse ao diplomata que não tinha nada de pessoal contra o povo israelenses, mas que teve de fazer o que fez porque, “era meu dever como um soldado da EVJ.” Okamoto foi julgado por uma corte de Israel que o condenou à prisão perpétua em junho de 1972.
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30 de maio foi fixado como o Dia de Recordação do Massacre de Lod
Na carta em que reivindicou a responsabilidade pelo massacre realizado pelo Exército Vermelho Japonês, a FPLP afirmou que o ataque era uma represália e uma vingança à chacina de Dair Yassin de 1948, perpetrado pelo Irgun Tzvai Leumi, comandado por Menachem Beiguin. A carta indicou também que a ação foi realizada em homenagem ao mártir Patrick Arguello. Arguello havia sido morto dois anos antes, em 6 de setembro de 1970, no interior de um jato israelense da El-Al quando tentava seqüestrá-lo ao lado do membro da FPLP, Leila Khaled.
Okamoto foi libertado em 1985 com outros mil prisioneiros numa troca com soldados israelenses capturados. Resolveu fixar residência no Vale do Bekaa, Líbano. Foi preso novamente em 1997, mas em 200f oi-lhe concedido o status de refugiado político no Líbano. Outros quatro membros do EVJ presos na mesma época foram extraditados para o Japão.
Em junho 2006, uma iniciativa legislativa do parlamento de Porto Rico de autoria do senador José Garriga Picó, fixou o dia 30 de maio como o Dia de Recordação do Massacre de Lod.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.