Seu perfil de ícone do capitalismo alemão, seus atos intransigentes como dirigente patronal durante os protestos de funcionários da indústria, o passado nazista impune e a maneira agressiva fizeram de Hans-Martin Schleyer um inimigo preferencial dos movimentos estudantis de 1968 na Alemanha e da guerrilha urbana que assolou o país no início da década seguinte.
Em 5 de setembro de 1977, Schleyer foi sequestrado por um comando da RAF (Rote Armee Fraktion – Fração do Exército Vermelho), também conhecida como Baader-Meinhof. Na violenta ação armada, numa rua de Colônia, três guarda-costas e seu motorista foram assassinados pelos sequestradores. Em troca de sua vida, o grupo exigia do governo a libertação dos fundadores ainda vivos da organização, Andreas Baader e Gudrun Ensslin, presos desde 1972.
O sequestro, planejado pela líder da segunda geração da RAF, Brigitte Mohnhaupt e executado pelos guerrilheiros Sieglinde Hofmann, Peter-Jurgen Boock, Stefan Wisniewski e Willi-Peter Stoll, se seguiu ao assassinato de figuras importantes da elite alemã, o procurador-geral da República Siegfried Buback e o banqueiro Jürgen Pontom, e abriu uma crise sem precedentes no governo e na sociedade alemã, acirrada ainda mais, dias depois, com o sequestro do voo 181 da Lufthansa, com 90 passageiros a bordo. Era a maneira de exigir a libertação dos presos, num período de aguda crise institucional que ficou conhecido como Outono Alemão.
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Durante cinco semanas, Schleyer permaneceu prisioneiro dos sequestradores enquanto as negociações se arrastavam, sendo transportado da Alemanha para a Holanda e depois para Bélgica. Depois de 43 dias em poder da RAF, o governo alemão ainda não havia cedido e estava disposto a libertá-lo de qualquer maneira, através de uma caçada humana sem precedentes na história do país.
Na noite de 17 de outubro, um comando anti-terror conseguiu libertar os reféns do voo da Lufthansa no aeroporto de Mogadíscio, Somália. Na manhã seguinte, os líderes do Baader-Meinhof foram encontrados mortos em sua cela, supostamente tendo cumprido um pacto de suicídio coletivo. Ao ouvir as notícias, os sequestradores de Schleyer o retiraram do cativeiro e o executaram em local desconhecido entre Bruxelas e Mulhouse, França. O corpo foi encontrado no porta-malas de um carro no dia seguinte.
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Schleyer foi sequestrado por um comando da RAF (Rote Armee Fraktion), também conhecida como Baader-Meinhof
O comunicado da execução foi anunciado pelo Bader-Meinhoff: “Após 43 dias, acabamos com a existência corrupta e patética de Hanns-Martin Schleyer. A luta apenas começou. Liberdade por meio da luta armada anti-imperialista.”
Biografia
Schleyer era um empresário alemão, dirigente de importantes associações de negócios do país e presidente da Confederação de Associações de Empregadores da Alemanha. Tornou-se mundialmente célebre como um dos personagens centrais do período de crise que dominou a Alemanha Ocidental no segundo semestre de 1977, conhecido como Outono Alemão.
Schleyer foi adepto do Nacional-Socialismo desde a adolescência. Após uma breve participação na Juventude Hitlerista em 1933, integrou-se às SS de Adolf Hitler como segundo-tenente. Em 1937 filiou-se ao Partido Nazista. Durante a Segunda Guerra Mundial serviu na Frente Ocidental até ser dispensado do serviço ativo. Indicado para a presidência do corpo de estudantes em Praga, deixou a cidade nos últimos dias da guerra, voltando para a Alemanha em 5 de abril de 1945.
Passou três anos como prisioneiro de guerra devido à patente de oficial das SS, sendo libertado em fins de 1948. De volta à vida civil, fez carreira como executivo na área privada. Em 1949, foi nomeado secretário da Câmara de Comércio de Baden-Baden e dois anos depois entrou para a Mercedes-Benz até chegar à diretoria, sendo cogitado para presidência da empresa no fim dos anos 1960. Acumulou importantes cargos em diversas associações comerciais e industriais, chegando à presidência da Confederação dos Empregadores e da Federação das Indústrias da Alemanha Ocidental, com grande projeção nacional.
Outros fatos marcantes da data:
05/09/1997 – Morre Madre Teresa de Calcutá
05/09/1972 – Setembro Negro sequestra atletas de Israel na Olimpíada de Munique
05/09/1886 – Chefe indígena apache Gerônimo se rende às tropas do governo