Atualizada em 28/02/2020
Pouco antes da meia-noite de 28 de fevereiro de 1986, o primeiro-ministro sueco, Olof Palme, é abatido por uma bala em suas costas, à saída de um cinema, com sua esposa Lisbet, em pleno centro de Estocolmo. O crime chocou a Suécia e o mundo todo.
Um homem trajando sobretudo aproxima-se por detrás, saca um revólver Smith & Wesson e alveja o premiê nas costas. Embora possa haver teorias de quem poderia estar por trás do assassino, a identidade do culpado permanece um mistério. E o assassinato jamais foi elucidado claramente. Aos 59 anos, o social-democrata Palme era uma personalidade política extremamente popular no seu país e na Europa.
A despeito da posição de Palme como primeiro-ministro, buscava viver uma vida tão comum quanto possível. Costumava sair sem qualquer proteção de guarda-costas, e a noite de seu assassinato foi uma dessas ocasiões. Saindo do Grand Cinema, situado numa rua central Sveavägen, cerca da meia-noite, o casal foi atacado por um atirador solitário. Palme foi ferido gravemente e um segundo tiro feriu a senhora Palme de raspão.
A polícia informou que um taxista usou o seu rádio-móvel para ligar o alarme. Duas moças sentadas num carro perto da cena tentaram ajudar o primeiro-ministro. Ele foi levado às pressas para um hospital, mas foi declarado morto a sua chegada às 00h06 de 1º de março.
A trajetória de Palme
Logo após sua graduação universitária, Palme despendeu 3 meses num giro pelos Estados Unidos com 300 dólares no bolso. Disse mais tarde que o que ouviu e viu influenciou seus ideais políticos e sociais. De retorno à Suécia, tornou-se secretário pessoal do então primeiro-ministro sueco Tage Erlander, começando uma longa carreira no governo de seu país.
Olof Palme é considerado uma das grandes se não a maior figura da social-democracia sueca: justiça social, igualdade e paz eram seus ideais mais acalentados. Era um político enérgico e criativo que levou a Suécia para a arena internacional moderna onde se discutiam as grandes questões, dedicando-se a temas como o socialismo, a paz e a solidariedade. Recusou-se a se deixar manietar pela mentalidade estreita da Guerra Fria, assumindo uma posição decidida contra a Guerra do Vietnã e lutando pela libertação dos povos oprimidos nos países do Terceiro Mundo.
Em 1969, Olof Palme tornou-se ministro de Estado. Liderou duas grandes reformas da Constituição, reduzindo as duas câmaras do Parlamento a uma só em 1969 e removendo o último dos poderes constitucionais da monarquia em 1975. Uma das leis constitucionais emendadas alterou a ordem da sucessão real de agnação – consanguinidade por linhagem masculina – para cognação – descendência comum do mesmo tronco, masculino ou feminino.
Durante o período 1970-1973, Palme interessou-se diretamente com as questões do mercado de trabalho, resultando em lei que aumentou a garantia de emprego. O empregador não poderia mais despedir um trabalhador tão facilmente. Nas eleições gerais de 1973, os partidos socialistas e os não-socialistas conquistaram cada qual 173 cadeiras no parlamento. A administração Palme continuou a governar; no entanto, muitas vezes a tomada de decisões levava tempo, pois necessitava de acordo entre as partes.
O frágil filho de uma rica família conservadora cresceu para se tornar um dinâmico líder do movimento trabalhista sueco e objeto de extremo ódio das forças reacionárias internas e internacionais. Palme opôs-se firmemente à corrida armamentista nuclear e ao apartheid na África do Sul. Ao mesmo tempo defendia o Exército de Libertação da Palestina e Cuba de Fidel Castro.
Há uma discussão ainda em curso na Suécia a respeito do papel de George Bush, pai – na altura diretor da CIA – e do “governo paralelo” que ele conduzia à época do assassinato de Olof Palme. Essa discussão trata principalmente do comércio de armas, levado a cabo secretamente, e de drogas mais conhecido como o Caso Irã-Contras, e a utilização de mercenários nesse negócio. Como Palme vinha denunciando duramente o affair, mensagem postada por um grupo de jornalistas em setembro de 1999 insinua que George Bush poderia ter alguma relação com a morte de Palme.
Wikicommons
Olof Palme é considerado uma das grandes figuras da social-democracia sueca; justiça social, igualdade e paz eram seus ideais