Os budistas celebram em 8 de abril o nascimento de Gautama Buda, o fundador do budismo, que se imagina ter vivido na Índia de 563 a 483 a.C. Ele nasceu como príncipe Sidartha, filho do rei do povo Sakya, reino localizado, naquela época, na região onde hoje é a fronteira entre o Nepal e a Índia. A família de Sidartha era do clã Gautama. Sua mãe, rainha Mahamaya, deu à luz a ele no parque de Lumbini, sul do Nepal. Uma coluna ali erguida por um imperador indiano no século III a.C. em comemoração àquele evento, futuramente considerado sagrado.
Na verdade a tradição budista que comemora o nascimento em 8 de abril, originalmente localizava seu nascimento no século 11 a. C.. Foi somente na era moderna que os estudiosos determinaram que Gautama Buda tivesse, provavelmente, nascido no século 6 a. C., possivelmente em maio, e não em abril.
Ao nascer, a previsão era de que o príncipe seria um grande monarca mundial ou um Buda, mestre sumamente iluminado. Os brâmanes diziam ao seu pai, rei Sudhodana, que seu filho seria um soberano espiritual se fosse mantido isolado do mundo exterior. O rei tomou todas as medidas para protegê-lo da miséria e tudo o mais que pudesse influenciá-lo em seu caminho para a vida religiosa.
Ele foi educado em meio à ostentação real, casou-se e teve um filho. Aos 29 anos, decidiu conhecer melhor o mundo e excursionar para fora dos limites palacianos. Em suas sucessivas viagens, viu, pelo caminho, idosos, doentes e cadáveres. Uma vez que havia sido protegido das misérias da idade, da doença e da morte, seu cocheiro teve de lhe explicar quem eram aquelas pessoas. Por fim, o príncipe conheceu um monge e, impressionado com seu comportamento tranquilo, decidiu aproximar-se a fim de descobrir como o religioso poderia ser tão sereno em meio a tal sofrimento.
Viajou para o sul, onde aprendeu meditação com os mestres Alara Kalama e Udraka Ramaputra. Logo dominou seus sistemas, alcançando altos níveis de realização mística. Contudo, mostrava-se insatisfeito e passou a perambular novamente em busca do Nirvana – o mais alto nível de comunicação da luz divina à alma.
Nos seis anos seguintes, adotou o jejum e outras austeridades, mas essas técnicas se provaram ineficazes e as abandonou. Após recobrar as energias, sentou-se debaixo de uma figueira-de-bengala, num lugar hoje conhecido como Bodh Gaya, no centro-oeste da Índia, e prometeu não se levantar até atingir a suprema comunicação com a luz divina. Depois de repelir Mara, um espírito demoníaco que o tentou com desejos e confortos mundanos, alcançou a comunicação, tornando-se Buda aos 35 anos.
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Na verdade a tradição budista que comemora o nascimento em 8 de abril, originalmente localizava seu nascimento no século 11 a. C.
Gautama Buda foi então para o parque dos cervos, perto de Benares, Índia, onde celebrou seu primeiro sermão, sublinhando as doutrinas básicas do budismo. De acordo com o budismo, existem “quatro verdades nobres”: A primeira, de que existência é sofrimento; a segunda, o sofrimento é causado pela cobiça humana; de que existe uma cessação do sofrimento que é o Nirvana; e, por fim, que o Nirvana pode ser alcançado por meio do “Nobre Caminho Óctuplo”, isto é, compreensão correta, pensamento correto, fala correta, ação correta, meio de vida correto; esforço correto, atenção correta e concentração correta.
O Tripitaka – que significa, metaforicamente, “os três cestos de flores” – é o conjunto da doutrina budista. O primeiro cesto é o dos Sutra, que agrupa os ensinamentos do próprio Buda, por meio de uma série de conversas e sermões coletados por um dos seus mais próximos discípulos, o Ananda. O segundo cesto é o do Vinaya, no qual estão reunidas as regras disciplinares a que estavam obrigados a seguir todos os que fazem parte da comunidade monástica, a Sangha. O terceiro cesto é o dos Abhidharma, ou textos filosóficos que têm com foco a transmissão do Budismo. Este é o mais antigo dos registros da vida e dos discursos de Buda.
Pelo resto de sua vida, Buda ensinou e reuniu discípulos em sua sangha, ou comunidade de monges. Morreu aos 80 anos, pedindo aos seus monges que continuassem trabalhando pela sua liberação espiritual, seguindo seus ensinamentos.
Estima-se que haja atualmente 350 milhões de pessoas que aderiram às práticas e crenças budistas em mais de 100 nações, especialmente na Ásia e extremo-oriente.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.