A Feira do Livro de Frankfurt, o maior evento literário do mundo, aconteceu entre os dias 14 e 18 de outubro na cidade alemã. A Noruega foi a homenageada desta edição 2019. Como em anos anteriores, o Brasil marcou presença e pela primeira vez, entre as 32 editoras presentes em 2019, a Biblioteca do Exército (Bibliex) integrou o estande brasileiro.
O estande do Brasil foi patrocinado pelo Brazilian Publishers (BP), um projeto de fomento às exportações do conteúdo editorial nacional, criado em parceria pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Mas cada uma das 32 editoras paga pela presença. A CBL não quis divulgar o custo total desta participação e diz que os cortes anunciados pelo governo no setor cultural não afetam esse projeto.
O espaço coletivo de 172m² proporcionou palestras, encontros entre editores brasileiros e de outros países e apresenta os autores nacionais, convidados a Frankfurt. O Ministério das Relações Exteriores patrocinou a viagem de dois jovens escritores à Alemanha: Ilan Brenman e Carolina Saavedra. Além disso, jovens autores que moram atualmente na Alemanha, Alexandre Ribeiro e Fred Di Giacomo, marcam presença. Eles são independentes, financiaram a participação no evento do próprio bolso e falaram sobre a “arte na era Bolsonaro: descolonizando a literatura brasileira”.
A política e o momento atual brasileiro esteve muito presente em Frankfurt. O veterano Luiz Ruffato, que é convidado pela organização da Feira do Livro e não pelo Brasil, falou em várias mesas redondas. Em uma delas, ao lado de autores latino-americanos, abordou o populismo e a democracia no subcontinente.
Apex
Exército integrou estande brasileiro na Feira de Frankfurt
Venda de direitos autorais
O principal objetivo do estande brasileiro era a venda de direitos autorais. Em 2018, as negociações realizadas durante o evento renderam durante todo o ano US$ 700 mil. A expectativa para este ano é atingir os US$ 800 mil, antecipa Vitor Tavares, presidente da CBL.
Mas a maioria das editoras presentes vem mais a Frankfurt para comprar direitos do que vender. Este é o caso do Angel Bojadsen, da Estação Liberdade e editor brasileiro do novo Prêmio de Nobel de Literatura, Peter Handke. “Frankfurt é a Meca do livro. É o lugar onde tem a maior concentração anual de editores e onde você acaba se sentindo em casa”, declara Bojadsen.
A Biblioteca do Exército também integra o estande brasileiro pela primeira vez com o objetivo de comprar direitos e aumentar seu catalogo: “E muito importante estarmos aqui representando o Exército brasileiro. Viemos para pegar know-how com outras editoras importantes do mundo e para fazer aquisições”, afirmou o tenente-coronel Marco Ferreira, diretor da Bibliex.
A instituição existe desde 1881 como biblioteca e passou a editar livros, principalmente de história, história militar, geopolítica e relações internacionais, a partir de 1937. No estande em Frankfurt, eles mostram alguns títulos que publicam como “Vozes da Guerra”, de Sirio Sebastião Fröhlich; “Bandidolatria e Democídio”, de Diego Pessi; ou “Revisão da Lei da Anistia: um contraponto”, de Reis Friede.
Para o diretor da Biblioteca Militar, esta busca de maior visibilidade não tem a ver com o governo atual: “Não é o governo atual, o anterior ou o posterior que facilitam essa maior presença. Nós internamente é que verificamos a viabilidade de vir ou não à Feira de Frankfurt”, diz Marco Ferreira. Ele, aliás, fez questão de lembrar que em 2013, quando o Brasil foi o convidado de honra do evento literário alemão, a Bibliex estava representada no Pavilhão de Honra. Mas a participação no estande da Brazilian Publishers, comprando e vendendo direitos autorais, é a primeira vez, confirmou a CBL.