O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista a Opera Mundi, falou de sua relação com o ex-mandatário da Venezuela Hugo Chávez (1954-2013) e disse que “nunca deixou de gostar” do venezuelano, embora o achasse “muito voluntarista”. As declarações foram feitas de em uma entrevista exclusiva, concedida na última quarta-feira (18/09), na sede da Polícia Federal em Curitiba, onde o petista está preso há mais de um ano.
“Eu tenho críticas ao Chávez, mas minha relação era muito forte. Era uma relação de companheiros, eu achava ele muito voluntarista, eu achava. Mas não vou deixar de gostar dele por conta disso”, disse Lula.
A afirmação foi feita em resposta à pergunta sobre um possível discurso que Lula poderia fazer caso se sagrasse vencedor Prêmio Nobel da Paz, honraria à qual o ex-presidente está concorrendo.
“[Certa vez,] Uma certa rainha, que eu prefiro preservar o nome, disse: ó, Lula, se você der um sinal de paz na Venezuela, se você tentar mostrar que a Venezuela não vai fazer nenhuma loucura, você tem facilidade de ganhar o Prêmio Nobel da Paz. Eu disse, olha, não posso dar palpite sobre outro país. O Chávez é o que é, o Chávez foi eleito e pode criticar ele de qualquer coisa”, afirmou o petista.
Lula também recordou a pressão que os governos dos EUA e da Colômbia fizeram contra Chávez e destacou as múltiplas eleições realizadas na Venezuela.
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“E o Chávez fazia eleição a cada dois anos, vire e mexe ele tinha uma eleição, vire e mexe ele tinha uma eleição. Uma vez eu fui a Letícia, na Colômbia, com o Celso Amorim e com o Marco Aurélio para evitar uma briga entre o Chávez e o [ex-presidente da Colômbia Álvaro] Uribe. Eu cheguei a dizer para o Bush: olha, você quer que o Chávez pare de te encher o saco? Para de encher o saco dele. Deixa o Chávez cuidar da vida dele, porque cada vez que você fala uma bobagem é uma passeata. Cada vez que o Uribe fala uma bobagem é uma passeata, lá e cá”, disse Lula.
O ex-presidente ainda se disse disposto ao diálogo e à paz e afirmou que “parece que as pessoas […] adoram uma briga para poder fazer política. E eu sou homem de paz. Eu aprendi na minha vida o seguinte: uma boa conversa resolve, em pouco tempo, o que uma grande discussão não resolve a vida inteira”.
A entrevista de Lula a Opera Mundi teve como foco os temas internacionais. Entre eles, estão a posição da esquerda após a queda do Muro de Berlim; a relação do Brasil com os EUA; a política externa do governo Bolsonaro; Mercosul; Alca e Foro de São Paulo.
Assista:
Veja íntegra da entrevista de Lula a Opera Mundi:
(*) Edição: Rafael Targino | Redação: Lucas Estanislau, Fernanda Forgerini e Laila Manuelle
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