O referendo de anexação da península da Crimeia e da cidade de Sebastopol à Rússia no domingo (16/03), com seus desdobramentos diplomáticos e consequências políticas nos últimos dias, foi o principal destaque da semana em Opera Mundi. O presidente Vladimir Putin promulgou na sexta-feira (21/03) a incorporação da Crimeia e do porto de Sebastopol (que era ucraniano, porém alugado pelos russos até então) à Rússia. Com a movimentação, os territórios se tornaram as entidades 84 e 85 da Federação. A ratificação da anexação foi feita por unanimidade pelo Senado russo, um dia após a câmara baixa do parlamento (Duma) fazer o mesmo.
Efe
População da Crimeia e Sebastopol celebram incorporação de seu território à Federação Russa
A promulgação aconteceu no mesmo dia em que o primeiro-ministro da Ucrânia, Arseni Yatseniuk, assinou com os chefes de Estado da União Europeia o acordo de associação ao bloco. Fora a recusa do então presidente Viktor Yanukovich em assinar o termo que desatou a crise que terminou com a deposição dele e provocou a anexação da Crimeia pela Rússia, em outubro de 2013.
Na quinta (20/03), o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, publicou uma lista de sanções a dez oficiais e legisladores norte-americanos — entre eles, o senador John McCain — em resposta à retaliação dos EUA feita na segunda (17/02). Em seguida ao comunicado de Lavrov, o presidente Barack Obama anunciou sanções adicionais aos oficiais do governo russo.
Na quarta (19/03), o presidente da Romênia, Traian Basescu, fez uma polêmica declaração em que relacionou a invasão da Rússia à Geórgia em 2008 e a incorporação da península ucraniana da Crimeia ao território russo como exemplos de que a possibilidade de reconstituição da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) já seria uma “realidade política”. No mesmo dia, a Ucrânia anunciou que vai deixar a CEI (Comunidade de Estados Independentes, que reúne a maioria dos países da extinta URSS), da qual é a atual presidente, e exigirá vistos de entrada para cidadãos russos.
O clima de tensão se elevou na terça (18/03), quando um soldado ucraniano foi morto e outro ficou ferido durante um ataque a uma base ucraniana na Crimeia. Após o ataque, o Ministério da Defesa ucraniano publicou um comunicado informando que autorizava as Forças Armadas a usarem armas para se defender. Horas depois, os militares da Marinha ucraniana acabaram deixando seu quartel-general em Sebastopol, e as tropas russas ocuparam o local.
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Bandeira russa é colocada no lugar de ucraniana em base naval na quarta (19/03)
O referendo que iria definir se a Crimeia, república autônoma na Ucrânia, se juntaria à Rússia, aconteceu no domingo (16/03). Com todos os votos apurados, 96,7% dos participantes disseram sim à proposta. Em seguida, Vladimir Putin assinou o acordo de anexação oficial e a Ucrânia imediatamente declarou não reconhecer a legitimidade do tratado bilateral de incorporação.
O período de transição do tratado durará até o dia primeiro de janeiro de 2015, durante o qual Crimeia e Sebastopol devem ser integrados à legislação e à economia russa, assim como ao seu sistema de administração. No acordo, os habitantes da Crimeia adquirem automaticamente cidadania russa, permitindo também manter a ucraniana na condição de notificarem a decisão no prazo de um mês.
Efe
Presidente Vladimir Putin promulga na sexta o acordo de anexação da Crimeia e Sebastopol ao território russo
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América do Sul
Já na América do Sul, as principais notícias que chamaram atenção na semana foram no Uruguai, Colômbia e Venezuela. Na quinta-feira (20/03), os Estados Unidos pediram a colaboração do governo uruguaio de José Mujica para que o país sul-americano receba cinco presos atualmente sob custódia na prisão de Guantánamo. Após consultas, o mandatário uruguaio aceitou colaborar com o presidente Barack Obama, que, em sua corrida à Casa Branca em 2008, tinha como uma de suas principais bandeiras políticas o fechamento da polêmica penitenciária militar localizada dentro da ilha de Cuba.
No dia seguinte, Mujica disse que a acolhida é uma “questão de direitos humanos”. Após aceitar colaborar com Obama, ele afirmou que Guantánamo “tem funcionado como uma verdadeira vergonha para a humanidade e muito mais vergonhosa para um país como os Estados Unidos”. “O Uruguai tem sido um país de refúgio. Para nós, é uma questão de princípios”, disse Mujica, que, em seus tempos de líder guerrilheiro, permaneceu preso pela ditadura uruguaia por 14 anos.
Wikicommons
Após negociação entre Mujica e Obama, cinco detidos de Guantánamo serão transferidos por pelo menos dois anos ao Uruguai
Na quarta (19/03), o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, se pronunciou sobre o caso do prefeito de Bogotá, Gustavo Petro, e confirmou sua destituição. A Procuradoria Geral, órgão administrativo colombiano, considera que Petro cometeu falhas graves na organização da cidade. No mesmo dia, na Venezuela, Daniel Ceballos, prefeito de San Cristóbal — capital do estado de Táchira e foco da onda de protestos no país — foi detido pelo Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência) por fomentar uma “rebelião civil” e instigar à violência.
Outro assunto em foco foi a mais recente campanha antipirataria da ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura), que “criou”, no mapa usado pela peça publicitária em vídeo, um novo Estado no território brasileiro. O mapa, que faz parte do vídeo institucional “ABTA – Pirataria é Crime”, “anexa” porções de território do Paraguai e da Bolívia na fronteira com o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul, de modo a formar um 27º Estado brasileiro.
Reprodução/ ABTA
Mapa apresentado em vídeo de campanha publicitária 'anexa' parte territorial do Paraguai e Bolívia ao Brasil