Atualizada às 19h48
Milhares de pessoas marcharam pelas ruas de Santiago, capital do Chile, nesta segunda-feira (28/10) contra o governo neoliberal de Sebastián Piñera marcando o início da segunda semana consecutiva de protestos no país.
Manifestantes iniciaram uma marcha plea Avenida Libertado O'Higgins, conhecida como Alameda, em direção ao Palácio La Moneda, sede do governo. Outros participantes dos protestos se concentraram na Plaza Italia e em frente a diversas estações do metrô.
Mais uma vez, a polícia chilena usou forte repressão contra os manifestantes. Confrontos foram registrados em frente à sede do Executivo, e nas estações de metrô Baquedano e Los Héroes.
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Segundo a emissora Tele13, carabineiros (polícia militar chilena) dispararam bombas de gás lacrimogêneo dentro da estação Baquedano, que é subterrânea e ainda estava aberta para circulação dos usuários.
Em frente à Biblioteca Nacional, na Alameda, barricadas foram montadas pelos manifestantes para se proteger dos disparos da polícia. Foram registrados incêndios em alguns pontos da avenida da capital.
Reprodução
Mais uma vez, a polícia chilena usou forte repressão contra os manifestantes
Mudança de ministros
Ainda nesta segunda-feira, o presidente do Chile, Sebastián Piñera, anunciou a troca de oito de seus ministros, incluindo o do Interior e da Fazenda, como parte de uma reforma ministerial em decorrência da série de protestos deflagrada no país nos últimos dias.
Segundo o mandatário, a pasta do Interior será ocupada por Gonzalo Blumel, que substituirá o conservador Andrés Chadwick, um dos mais criticados durantes as mobilizações. Considerado um dos nomes mais carismáticos do gabinete, Blumel liderava o ministério responsável pelas relações do governo com o Congresso.
Em sua conta no Twitter, Piñera ressaltou que a nova equipe “terá a missão de escutar e abrir diálogo para um Chile mais justo”.
Entre os nomes anunciados também estão o economista liberal Ignacio Briones para substituir Felipe Larraín no ministério da Fazenda; além da governadora de Santiago, Karla Rubillar para o posto de porta-voz do governo. Cecilia Pérez , por sua vez, foi transferida para o Ministério dos Esportes. Piñera ainda incluiu Lucas Palacios Covarrubias no ministério da Economia; María José Zaldivar Larraín, na pasta do Trabalho; e, por fim, Julio Isamit Díaz no ministério de Bens Nacionais.
Protestos
Na sexta (25/10), milhões de manifestantes foram às ruas em diversas cidades do Chile para protestar contra o governo neoliberal de Piñera no 8º dia consecutivo de protestos desde o aumento nas tarifas do metrô de Santiago no último domingo (20/10).
Na capital, a marcha reuniu 1,2 milhão de pessoas, e manifestantes carregavam faixas e bandeiras com os dizeres “Chile despertou” e “Não estamos em guerra”, em referência à fala de Piñera na última segunda-feira (21/10). Apresentações musicais também aconteceram em vários pontos da cidade onde entoaram canções de artistas históricos chilenos como Victor Jara (assassinado pela ditadura de Pinochet), Inti Illimani e Quilapayún.
Ainda foi possível ver manifestantes gritando palavras de ordem como “renuncia, Piñera”, “saúde digna”, “Assembleia Constituinte” e “Não + AFP”, em referência ao sistema de aposentadorias chileno.
Emissoras de TV e movimentos populares chegaram a comparar o tamanho das manifestações desta sexta-feira com a campanha pelo “No”, durante o plebiscito que colocou fim à ditadura de Augusto Pinochet, em 1988.
Ainda na sexta, os carabineros (polícia militar chilena) reprimiram com bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água uma manifestação em torno do Congresso Nacional chileno, que fica na cidade de Valparaíso. Segundo o jornal El Mercúrio, um grupo de cerca de 25 manifestantes conseguiu atravessar as grades do edifício, mas foi detido ainda nos jardins do Parlamento e não conseguiu entrar no prédio.
*Com ANSA e teleSur