O presidente do Chile, Sebastián Piñera, anunciou nesta quinta-feira (07/11) um pacote de medidas que pretende ampliar os meios para reprimir os protestos que tomam as ruas do país contra o governo neoliberal. O mandatário ainda convocou uma reunião para esta noite do Conselho de Segurança Nacional (Cosena), órgão criado pela ditadura de Augusto Pinochet em 1980 para tratar de assuntos de segurança interna do país.
Em discurso no Palácio La Moneda, sede do governo, Piñera o que chamou de “agenda de segurança”, um pacote de dez tópicos que pretendem fortalecer a polícia chilena durante a repressão das manifestações. Dentre eles foram apresentadas leis antissaques e anticapuz, o aumento da capacidade aérea da polícia, projetos e táticas antibarricadas e maior vigilância tecnológica policial.
“Estamos convencidos de que essa agenda representa e constitui um apoio significativo para melhorar e salvaguardar a ordem pública. Acredito que sua aprovação seja algo urgente e necessário”, disse o mandatário.
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Por sua vez, o Cosena é um órgão formado pelos presidentes do Senado, da Câmara dos Deputados e da Suprema Corte, dos Comandantes em Chefe das Forças Armadas, do Diretor Geral de Polícia e do Controlador Geral da República sob a justificativa de auxiliar o presidente da República em questões de segurança nacional.
Cámara de Diputados de Chile
Sebastián Piñera convocou o Conselho de Segurança Nacional ´para executar medidas contra os protestos
Criado em 1980 pela ditadura de Augusto Pinochet, a última vez que esse mecanismo foi utilizado foi em 2014, durante o primeiro governo de Piñera, quando o Chile teve impasses marítimos com o Peru.
‘Guerra contra o povo’
Personalidades políticas do Chile criticaram a convocação do Cosena feita pelo mandatário. O presidente do Partido Socialista, Alvaro Elizalde disse que o país tem uma “experiência péssima” em relação à “Doutrina de Segurança Nacional”. “É um mal sinal de Sebastián Piñera convocar o Cosena nesse momentos”, disse.
A deputada do PS Karol Cariola Oliva afirmou que o presidente do Chile “decidiu endurecer seu punho” ao convocar o Conselho de Segurança. Segundo a deputada, Piñera se “isola” do país.
“[Piñera] cita o Conselho de Segurança Nacional, que será aconselhado pelos chefes das forças armadas e da polícia, entre outros. Em vez de ouvir o Chile, ele se isola e se trava em sua guerra solitária contra seu povo”, afirmou.
Para o deputado do Partido Comunista do Chile Hugo Gutiérrez, Piñera “responde às manifestações populares igual um ditador”. Gutiérrez usou o Twitter para afirmar que o mandatário chileno “volta a insistir em sua agenda de segurança” e que para Piñera a “repressão é a solução”.