(Mateus 24:5) Porque muitos virão, dizendo que são o Messias, e levarão bastante gente atrás de si.
Eis que, um dia, um profissional da persuasão – que se auto intitulava coach de prosperidade – lançou mais um curso online baseado em estímulos comportamentais. Sua promessa, como sempre, era a mesma: seus alunos iriam dar um upgrade em suas carreiras profissionais e um improvement pessoal até conquistar todos os seus sonhos. Mais uma vez, como sempre, o sucesso do curso foi imediato: todas as 5 mil vagas foram esgotadas em algumas poucas horas.
Alguns milhões de reais mais rico, o coach decidiu que era o momento de atingir o total quality management do próprio negócio e dar um turnover em sua própria prosperidade. Foi ver, no mercado de profissionais de persuasão, alguns benchmarkings de quem poderia estar ganhando ainda mais dinheiro do que ele. E como estavam fazendo isto.
Percebeu um novo nicho tentador muito parecido com seu business model: promessas de growth, confiança messiânica na leadership, tertúlias em weekly jumps e poder de persuasão como core asset.
A diferença é que, neste seguimento que ele pesquisou, as empresas não pagam nenhum imposto. Então ele decidiu mudar seu mindset.
E tomou todas as medidas necessárias – exigidas pela burocracia do Cartório de Registro Civil de Pessoa Jurídica – para criar sua própria Igreja: elaboração do Estatuto Social, escolha da Diretoria, obtenção de CNPJ junto à Receita Federal e Inscrição à Prefeitura Municipal.
Estava pronto para, assim, continuar fazendo o que sempre fez: vender suas promessas de prosperidade e salvação. Mas, agora, sem pagar impostos e não mais somente em seu próprio nome, também em nome de Jesus.
Com um pouco de ajuste de discurso, a escalada da montanha do sucesso pessoal mudou para a escalada da montanha da providência divina, essencialmente a mesma promessa de prosperidade, e ele a ferramenta de subida. Tinha tudo para dar certo. Anunciou – com entusiasmo – para seus milhões de seguidores a boa nova.
No dia da abertura da igreja, nenhum dos seus seguidores apareceu. Percebeu, pois, que suas promessas vazias não convenceram seu público: eles podiam acreditar em promessas vazias, mas não em falsas promessas.
O curioso é que quando o coach não prometia em nome de Deus – mas em seu próprio nome de homem – as pessoas acreditavam mais: compravam seus cursos, iam as suas palestras, contratavam sua consultoria. Mas, com uma igreja montada, perceberam que ele era apenas mais um homem que prometia prosperidade. E o coach – que só queria parar de pagar impostos – perdeu sua credibilidade com seu público. Deixaram de ser seguidores fieis em suas redes sociais.
Por isso, filhos, em verdade vos digo: a fé, realmente, move montanhas, mas, muitas vezes, apenas montanhas de dinheiro. Cuidado.
Por: @OCriador