Apoiadores da ex-candidata à Presidência do Peru Keiko Fujimori, do partido de extrema direita Força Popular, apedrejaram veículos oficiais dos ministros da Saúde, Óscar Ugarte, e da Habitação, Solangel Fernández, e depredaram o centro da cidade de Lima nesta quarta-feira (14/07) em protesto contra os resultados eleitorais no país que dão vitória a Pedro Castillo, do partido de esquerda Peru Livre.
Os ataques são atribuídos aos grupos “La Resistencia” e “La Insurgencia” que reivindicam as alegações feitas por Keiko de supostas fraudes ocorridas nas eleições, acusações para as quais a direitista não apresentou provas. Os fujimoristas também atacaram o Palácio do Governo e depredaram grades de segurança do local.
#EnEstosMomentos Simpatizantes de Fuerza Popular insisten en tomar palacio de gobierno; los grupos se han dispersado por los diversos accesos hacia la plaza de armas tratando de destruir los cercos de seguridad. pic.twitter.com/eUXyCr3Aid
— Leonardo Cabrera (@leodeperu) July 15, 2021
Na ocasião, trabalhadores das emissoras peruanas La República, Latina, ATV e Canal N foram insultados e perseguidos, enquanto o fotojornalista John Reyes, do La República, e a repórter Fátima Chávez, do Canal N, foram agredidos. A jornalista Anghela Torres disse no Twitter que foi agredida e que uma apoiadora fujimorista tentou sufocá-la.
Hoy fui víctima de una cobarde agresión en plena protesta en el Centro de Lima. Una mujer intentó asfixiarme con la bandera. Comparte y ayúdame a identificarla. @julianaoxenford@karinamrh#Prensa #Noticias #AgredenAPeriodistas #ParaTi pic.twitter.com/3ALrQTlFoG
— Anghela Torres (@Anghetorres) July 15, 2021
“Um grupo de manifestantes do Força Popular cercou o veículo identificado como oficial, começou a bater e apedrejar o carro”, disse o ministro Ugarte em coletiva de imprensa no Palácio do governo peruano. “Ficamos imobilizados por 15 a 20 minutos em meio a uma violência que não tem justificativa”, prosseguiu.
“Eu respeito a liberdade de expressão, mas não desculpo a violência”, afirmou Fernández. O ministro da Habitação ainda expressou “solidariedade” aos comerciantes do centro da cidade que foram afetados pela depredação. “Chega de violência”, declarou.
Durante a ação dos fujimoristas, vendedores e trabalhadores do comércio também foram afetados e tiveram que fechar as portas de suas lojas.
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Fujimoristas promovem violência contra ministros, imprensa e população no centro de Lima
O vereador de Lima Carlo Angeles disse, no Twitter: “Quem protege o grupo 'A Resistência'? Eles atacam qualquer um que pensa diferente e nem o Ministério Público nem a Polícia do Peru fizeram nada significativo. O prefeito Muñoz não se atreve a mencioná-los. Que poder eles têm?”.
Ele declarou ainda que em protesto pacífico de trabalhadores da limpeza, a polícia atingiu os manifestantes com gás lacrimogênio. Já “esses criminosos podem protestar violentamente por horas”, prosseguiu.
O assessor jurídico do Peru Libre, Avelino Guillén, destacou, em entrevista ao veículo peruano RPP, que “esta escalada de violência cresceu devido à negligência tanto do Ministério Público como da Polícia Nacional, que permitiram que crescessem os atos de violência”.
Guillén afirmou ainda que as ações de fujimoristas não acontecem “sem a autorização de Keiko Fujimori”, e que os atos de violência desta quarta “são fatos pelos quais ela tem que responder”.
No Twitter, Keiko Fujimori disse que “o Força Popular rejeita qualquer ato de violência que tenha sido praticado hoje contra membros da imprensa, propriedade privada e o carro do ministro da Saúde” e que os “atos lamentáveis” não devem ser confundidos com “protestos pacíficos que milhares de cidadãos têm realizado em todo o país”.