É publicado na revista alemã Vossische Zeitung em 10 de novembro de 1928 o primeiro fascículo de “Nada de novo no front” (Im Westen nichts Neues), aclamado romance sobre a Primeira Guerra Mundial de Erich Maria Remarque.
Remarque – nascido Erich Paul Remark – nasceu em 1898 na Baixa Saxônia em uma família de ancestrais franceses. Alistou-se no exército alemão aos 18 anos e foi mandado para o front ocidental, onde foi ferido por cinco vezes, a última gravemente.
Retornando à Alemanha após a guerra, mudou o sobrenome para parecer de origem francesa. Lá exerceu várias atividades: professor, pedreiro, piloto de carros de corrida, jornalista esportivo, enquanto trabalhava em seu primeiro romance.
O protagonista de “Nada de novo no front” é Paul Baumer, um jovem soldado alemão lutando nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial. A história começa em 1917, quando metade da companhia de Baumer cai nas refregas.
Ao longo do livro, o próprio Paul é ferido e hospitalizado, volta para casa sob licença e retorna aos campos de batalha apenas para ser morto uma semana antes do armistício de 1918.
Após a publicação dos capítulos na Vossische Zeitung, o livro foi editado no ano seguinte e vendeu 1,5 milhões de exemplares naquele mesmo ano.
Embora os editores manifestassem a preocupação de que passados mais de 10 anos após o fim da guerra o assunto ainda cativasse interesse, a descrição realista de Remarque da guerra de trincheiras sob a perspectiva de jovens combatentes tocou os sobreviventes da guerra, assim como multidões de civis, de forma positiva e negativa.
Wikicommons
Erich Maria Remarque escreveu romances de guerra baseado em suas próprias experiências no "front" de batalha
Os mais duros críticos de Remarque eram seu compatriotas. Muitos consideravam que o livro denegria o esforço de guerra germânico e que Remarque havia exagerado os horrores do conflito para levar adiante sua agenda pacifista.
Sem surpresa, as vozes mais ácidas vieram do emergente Partido Nacional Socialista, um grupo ultranacionalista liderado pelo futuro führer, Adolf Hitler. Em 1933, quando os nazistas tomaram o poder, “Nada de novo no front” tornou-se um dos primeiros livros “degenerados” a ser publicamente queimado.
Outros romances
Traduzido para 20 idiomas, o romance foi adaptado para o cinema em 1930, nos Estados Unidos. Exibido no Brasil sob o título de “Sem Novidades no Front”, o filme foi premiado com o Oscar de melhor filme e diretor. A mensagem pacifista não perdeu sua eloquência no rosto inocente do herói Paul interpretado por Lew Ayres.
Remarque iria publicar outros nove romances, todos tratando dos horrores da guerra e da luta para entender seu motivo. O último livro, “A noite em Lisboa”, foi implacável na condenação à Segunda Guerra Mundial e à tentativa de Hitler de perpetrar a exterminação dos judeus e de outros “não povos” pela tese da “raça superior” dos arianos.
Após ter sua cidadania alemã revogada em 1938, Remarque emigrou para os EUA. Frequentador assíduo da vida noturna de Nova York nos anos 1930, ele era visto acompanhado de belas atrizes como Marlene Dietrich em Hollywood.
Remarque viveu seus últimos anos de vida às margens do lago Maggiore em Porto Ronco na Suíça italiana. Morreu em Locarno em 1970 onde vivia com sua mulher, a atriz Paulette Goddard.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.