Escritor e filósofo francês, Jean-Jacques Rousseau morreu em 2 de julho de 1778, aos 66 anos. Nascido em Genebra em uma família calvinista, Rousseau, órfão de mãe, é abandonado pelo pai aos 10 anos, sendo então educado pelo tio.
“Ter a sua própria opinião já não é um comportamento de escravo”, Jean-Jacques Rousseau.
Sua formação se dá apesar de fugas, de vagabundagens e de seus encontros furtivos, em particular com Madame de Warens. A amante e benfeitora, que influenciaria sua obra, se dispõe a completar sua educação e o convence a se converter ao catolicismo.
Apaixonado pela música, elabora um sistema de notação musical que, todavia, não encontra o sucesso esperado em Paris. Após uma estada em Veneza, regressa a Paris, e se torna amigo de Denis Diderot, quem lhe pede para escrever artigos sobre música para a Enciclopédia.
Vive em concubinato com Therese Levasseur, modesta ama de casa, com quem teve cinco filhos. Não podendo criá-los adequadamente, confia-os a um orfanato, o que seria mais tarde objeto de reprovação por parte de seus inimigos.
Produção intelectual
Rousseau conquista a glória em 1750 com o seu Discurso sobre as ciências e as artes. Assume nessa obra como hipótese metodológica o que viria a ser o tema central de sua filosofia: “o homem nasce naturalmente bom e feliz, é a sociedade que o corrompe e o faz infeliz”. Refuta, desse modo, a noção do pecado original.
Rousseau volta a sua pátria de origem em 1754 e se reencontra com a religião calvinista. Depois de uma estada na residência de Madame d’Epinay, se recolhe em Montmorency, em 1757, a expensas do marechal de Luxemburgo e ali passa os anos mais fecundos de sua existência.
Sua obra principal Do contrato social analisa os princípios fundadores do direito político. Para Rousseau, somente uma convenção fundamental pode legitimar a autoridade política e permitir que o povo exerça a soberania, segundo sua vontade geral.
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‘Ter a sua própria opinião já não é um comportamento de escravo’, Jean-Jacques Rousseau
Vai mais longe que Montesquieu e Voltaire na defesa da liberdade e da igualdade entre os homens ao propor uma ordem natural que concilie a liberdade individual com as exigências da vida em sociedade. O Contrato social inspirou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e toda a filosofia da Revolução Francesa.
Em Emílio ou a educação, Rousseau sustenta que a aprendizagem deve-se fazer antes pela experiência que pela análise. Professa igualmente uma religião natural, sem dogma, por oposição à revelação sobrenatural, o que lhe vale ser condenado pelo Parlamento de Paris, em 1762.
Refugia-se então na Suíça e depois na Inglaterra onde é hospedado por David Hume com quem se desavém rapidamente. Retorna à França em 1769.
Criticado pelos filósofos e atacado por Voltaire, Rousseau se sente perseguido. Tenta se defender e se explicar em As cartas escritas da montanha e Confissões. Incitada por Voltaire, a população chega a atirar pedras na sua residência e a queimar seus livros. Os derradeiros dias de sua vida se passam em Ermenonville, lutando contra a doença e a solidão.
Rousseau expôs suas ideias sobre a religião no livro Profissão de fé do vigário de Sabóia. Considerou que a matéria não se move por si só, para tanto há necessidade de uma vontade transcendente. Adota então a “religião natural” ou deísmo, que lhe permite aceder a Deus sem a intermediação de textos sagrados ou do clero.
Sua fé em Deus não era resultante da razão, mas vinha, ao contrário dos deístas de seu século, dos sentimentos íntimos. Julga as infelicidades humanas como necessárias à harmonia universal e se consola pela crença na imortalidade. Percebido como herético pelos católicos e protestantes, Rousseau, no entanto, se dizia cristão e discípulo de Jesus para se eximir do livre exame dos dogmas.