O político francês Charles Talleyrand, hábil chanceler, conseguiu participar das conferências de paz preparatórias do Congresso de Viena, ocorrido entre 11 de novembro de 1814 e 9 de junho de 1815. Esse congresso reorganizou a Europa após as guerras napoleônicas e inicialmente estava reservado apenas aos quatro vencedores – Áustria, Rússia, Prússia e Reino Unido.
Charles Talleyrand prometeu ao ministro de Exterior britânico, Visconde de Castlereagh, apoiar a posição sobre a interdição do tráfico de escravos negros. Manifestou-se igualmente favorável ao restabelecimento dos Bourbons no reino da Duas Sicílias, posição defendida por Londres.
A Áustria desejava mantar no trono de Nápoles seu recente aliado Joachim Murat. Talleyrand obtém a participação de Suécia, Espanha e Portugal na reunião dos Grandes, seus aliados na disputa com os vencedores.
Alia-se a Metternich, ministro do exterior austríaco e presidente do Congresso de Viena, para sustentar a manutenção de um reino do Saxe, opondo-se às ambições da Prússia, como contrapartida da anexação pela Prússia da Renânia, o que fazia da Prússia vizinha imediata da França.
Em 3 de janeiro de 1815, ao lado da Áustria e do Reino Unido, a França assinou um tratado secreto destinado a conter a Rússia e a Prússia.
Os três países avaliavam que a aliança deveria manter “em um estado perfeito de segurança e de independência” Áustria, França e Reino Unido, “para garantir os meios para repelir toda agressão”.
O acordo previa que os países iriam agir conjuntamente, “com o mais perfeito desinteresse e a mais completa boa fé”, para levar a efeito o tratado assinado em Paris. Se qualquer afronta às possessões de algum deles ocorresse, os outros dois obrigavam-se a se assistirem mutuamente, “a fim de repelir tal agressão”.
No caso de esforços para resolver amigavelmente as ameaças promovidas por uma ou mais potências serem ineficazes, cada um dos signatários deveria dispor imediatamente de um corpo militar de ao menos 150 mil homens, sendo 120 mil de infantaria, 30 mil de cavalaria e uma divisão de artilharia, além de munição proporcional ao número de tropas, que estariam prontas para entrar em combate no prazo máximo de 6 semanas.
O acordo estipulava ainda que se a Inglaterra demonstrasse dificuldades em fornecer ajuda em termos de tropas, o país que se tornasse teatro de guerra poderia requerer o pagamento anual de 20 libras esterlinas por soldado de infantaria e 30 libras por cada soldado de cavalaria.
O ajuste feito entre esses três países não seria prejudicado se algum deles formasse com outras potências qualquer aliança, desde que não fosse contraditória com os fins da aliança formada.