O presidente norte-americano Dwight Eisenhower e o primeiro-ministro soviético Nikita Kruchev trocam em 9 de julho de 1960 ameaças verbais sobre o futuro de Cuba. Nos anos seguintes, a ilha se tornaria um perigoso foco de tensão na competição da Guerra Fria entre Moscou e Washington.
Em 1º de janeiro de 1959, o comandante do Exército Rebelde, Fidel Castro, derrota o ditador Fulgêncio Batista. Embora os Estados Unidos reconhecessem o novo governo, muitos membros da administração Eisenhower alimentavam fundas suspeitas a respeito da orientação política de Cuba.
De sua parte, o líder cubano foi cauteloso em evitar definir concretamente suas crenças ideológicas durante os primeiros meses no poder.
Quando efetivou a reforma agrária — uma das principais bandeiras da campanha guerrilheira — a reação da Casa Branca foi cortar a cota açucareira comprada de Cuba. A partir daí ocorreram ações e retaliações de ambos os lados numa tensão crescente.
Segundo funcionários de Washington, a reforma agrária constituía um sinal das tendências do revolucionário, pois feriu interesses das empresas norte-americanas ali estabelecidas, que reagiram cortando qualquer novo investimento.
De sua parte, Havana reagiu e expulsou as missões militares dos Estados Unidos e, no começo de 1960, anunciou que Cuba negociaria seu açúcar com a União Soviética em troca de petróleo.
Em março de 1960, Eisenhower dá à CIA (Agência de Inteligência dos EUA) sinal verde para o treinamento de um grupo de refugiados cubanos com a finalidade de derrocar o regime de Fidel Castro. Foi dentro dessa atmosfera que Eisenhower e Kruchev se envolveram num ácido torneio verbal em julho de 1960.
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Kruchev deu as primeiras estocadas durante um discurso em Moscou. Alertou que a União Soviética estava preparada para utilizar seus mísseis a fim de proteger Cuba contra qualquer intervenção dos EUA. “É preciso não esquecer”, declarou o líder soviético “que agora os Estados Unidos não mais estão a uma distância inatingível da União Soviética, como acontecia antes.”
Além disso, o líder soviético acusou os Estados Unidos de “tramar insidiosos e criminosos passos” contra Cuba. Em uma declaração à imprensa, Eisenhower respondeu ao discurso de Kruchev, alertando que os Estados Unidos não tolerariam o “estabelecimento de um regime dominado pelo comunismo internacional no Hemisfério Ocidental”.
A ameaça de retaliação do primeiro ministro soviético demonstra “a clara intenção de dar a Cuba o papel de se colocar à disposição dos propósitos soviéticos nesse hemisfério”.
As relações entre Cuba e Estados Unidos se deterioraram rapidamente após a troca de acusações entre Eisenhower e Kruchev. O governo cubano acelerou seu programa de nacionalização das companhias norte-americanas.
Em resposta, o governo Eisenhower cortou suas relações diplomáticas com a ilha em janeiro de 1960. Pouco mais de um ano depois, um contingente de cubanos contrarrevolucionários treinado pela CIA lançou um ataque a Cuba na fracassada invasão de Playa Girón (Baía dos Porcos).
Os invasores foram mortos ou capturados em menos de 72 horas e o governo de Fidel Castro consolidou o controle da situação. A União Soviética passou a ser a principal fonte de assistência econômica e militar de Cuba.