Em 3 de junho de 1098, respondendo ao apelo do papa Urbano II, os cruzados da nobreza tomam a cidade de Antioquia, então pertencente aos turcos seljúcidas (hoje Antakya, na Turquia). Os cruzados armados eram comandados por Godofredo de Bulhões (em francês, Godefroi de Bouillon), conde de Toulouse (Tolosa), Boemundo I e o legado pontifício, Ademar de Monteuil.
No ano precedente, os cruzados já estavam prestes a reconquistar Niceia, mas tendo concluído um acordo com o imperador bizantino Aleixo Comneno, foram obrigados a se retirar da cidade. Pouco tempo depois, alcançam uma grande vitória contra os turcos, na Ásia Menor, abrindo assim caminho a outras conquistas, entre as quais Jerusalém em 1099.
A cidade de Antioquia, fundada por Seleuco I Nicátor em 300 a.C., tornou-se conhecida com o apóstolo Paulo. Convertido ao cristianismo havia poucos anos, Paulo deixou Antioquia e tomou caminho em direção à ilha do Chipre, acompanhado de Barnabé. Após ter convertido o procônsul local ao cristianismo, viajou no ano de 44 d.C. à Ásia Menor. Fundou diversas comunidades cristãs no coração dos territórios pagãos. Era recebido a pedradas pelos judeus que habitavam a região. Retornaria a Antioquia somente em 47, empreendendo duas outras viagens missionárias, uma a partir de 50 e a outra em 54.
Antioquia também foi notícia em 526, quando sofreu um forte terremoto, depois da conquista romana. Depois de ter sofrido um abalo moderado no ano de 37 e outro bem mais violento em 115, a cidade desta vez foi literalmente destruída, contando-se um grande montante de vítimas, talvez 250 mil. Aquela que Roma chamava de “a coroa do oriente” e que em seguida se tornou uma das mais importantes cidades cristãs, entrava na Idade Média sob maus augúrios.
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Cruzados armados eram comandados por Godofredo de Bulhões, conde de Toulouse, Boemundo I e o legado pontifício, Ademar de Monteuil
Por sua vez, o líder dos cruzados, Godofredo de Bulhões, partiu com sua tropa no fim do verão de 1096 para o Oriente Médio. Por ocasião do Concílio de Clermont, o papa Urbano II exortou os cavaleiros dos reinos ocidentais à cruzada. O objetivo: libertar a Terra Santa e tomar posse de Jerusalém. Com efeito, em julho de 1099, Godofredo entrou em Jerusalém. Todos os defensores da cidade, muçulmanos ou judeus, foram massacrados. A queda da “cidade santa” provocou a morte de cerca de 100 mil pessoas. Nasceu assim o reino latino de Jerusalém. Godofredo assumiu a administração da cidade, com título de procurador.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.