Charlotte Corday, frequentadora dos meios girondinos na cidade de Caen, viaja para Paris e consegue uma entrevista com o convencional e um dos principais líderes da Revolução Francesa, Jean-Paul Marat.
O ‘Montagnard’ a recebe em seu quarto de banho em 13 de julho de 1793. Para a jovem senhora, Marat é o principal responsável pela eliminação dos girondinos e pela instauração do “Terror” na França.
Ela o apunhala em sua banheira, e o “amigo do povo” falece algumas horas mais tarde. Charlotte Corday foi presa e condenada à morte pelo Tribunal Revolucionário.
Originalmente advogado, Marat fundou o jornal L'Ami du Peuple em 1789 e sua feroz crítica aos que estavam no poder foi um poderoso fator para a guinada sangrenta da Revolução em 1792.
Neste mesmo ano, em agosto, quando o rei Luís XVI foi preso, Marat elegeu-se deputado por Paris na Convenção. Na legislatura revolucionária da França, Marat se opôs aos girondinos, facção composta de moderados republicanos que defendiam um governo constitucional e mantinham certa simpatia pelo regime monárquico.
Assassinato de Marat foi planejado
Em 1793, Charlotte Corday, a filha de um aristocrata empobrecido e aliado dos girondinos na Normandia, passou a ver Marat como o demoníaco inimigo da França, tramando seu assassinato.
Deixando sua cidade natal de Caen rumou a Paris com o intuito de matar Marat na parada do 4º aniversário do Dia da Bastilha, em 14 de julho. Contudo, foi forçada a mudar os planos com o cancelamento das festividades programadas.
No dia 13 de julho logo às oito da manhã, Charlotte Corday dirigiu-se ao Palais-Royal onde comprou uma faca de cabo negro, apanhou um fiacre, carruagem puxada por um cavalo, atravessou o rio Sena e se dirigiu para o bairro de Saint-Germain, onde vivia Marat. Não conseguindo ser recebida pelo jornalista, escreveu-lhe um carta onde afirmava ter importantes revelações a fazer sobre a insurreição federalista.
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Imagem representa momento da morte de Marat
Após regressar à casa de Marat à noite e não conseguindo novamente ser recebida, criou um pequeno tumulto que atraiu Marat. Ele a deixou entrar.
Marat sofria de uma persistente doença de pele e trabalhava costumeiramente em sua banheira. Ao vê-lo, Corday sacou a faca escondida em sua roupa íntima e o apunhalou no peito. Ele morreu poucas horas depois, esperando calmamente a chegada da polícia.
O seu ato foi totalmente premeditado e visou, como afirmou em sua proclamação, defender a legalidade: “que o reino da lei suceda à anarquia, que a paz, a união, a fraternidade, faça desaparecer qualquer ideia de facção. Ó França o teu repouso depende da execução da lei“.
Esta posição liga-a ao movimento federalista normando, que exigia o regresso à ordem, o respeito das identidades locais, da lei e da propriedade, e que contestava o poder político de Paris e do Clube dos Jacobinos.
O ato de Charlotte Corday teve consequências devastadoras. Os girondinos, acusados de organizar o atentado foram perseguidos, e quando presos, rapidamente executados.
Os clubes políticos femininos foram proibidos e fechados, e Olympe de Gouges, autora da Declaração dos direitos da mulher e da cidadã, foi presa em 20 de julho, sendo guilhotinada posteriormente.