O governo provisório da França aceita pagar uma indenização de 5 bilhões de francos-ouro, permite a presença de um exército de ocupação até o pagamento desta soma e sobretudo, cede a Alsácia e uma parte da Lorena nos termos do Tratado de Frankfurt, firmado em 10 de maio de 1871.
Este tratado foi decorrência da vitória da Alemanha sobre a França na guerra de 1870. A vitória reforçaria o chanceler Otto Von Bismarck e lhe permitiria unificar os Estados alemães em torno da Prússia.
Nos primórdios da Alsácia, católicos e protestantes assinaram o Tratado de Westfália, os primeiros em Münster em 6 de agosto e os segundos em 8 de setembro. A guerra de Trinta Anos chegava assim ao fim. França obtém uma parte da Alsácia, Suécia e Alemanha adquirem igualmente parte de seu território, enquanto Países Baixos e Suíça conquistam suas independências.
Quanto à Lorena, o velho rei da Polônia e sogro de Luis 15, Stanislas Leszczynski, morre em um incêndio em Lunéville, aos 87 anos. De acordo com os tratados assinados com o rei da França, em 23 de fevereiro de 1766, suas possessões de Lorena e de Bar tornam-se francesas. Leszczynski havia adquirido os ducados de Lorena e de Bar como renda vitalícia.
No dia 13 de julho de 1870, em seguida ao seu encontro com o embaixador da França, Benedetti, a propósito da sucessão do trono da Espanha, o rei da Prússia Guilherme Primeiro relata o encontro ao ministro-presidente Otto Von Bismarck.
O rei lhe envia um telegrama informando que não mais irá respaldar a candidatura de seu primo, o príncipe Leopoldo de Hohenzollern-Sigmaringen ao trono da Espanha. A partir do recebimento da mensagem, Bismarck avalia que o rei agira por fraqueza e distorce o despacho real dando-lhe um tom belicista. Escreveu que o rei “recusou ver o embaixador da França” e que lhe fez ver quer “nada mais há para lhe comunicar”. A França, insultada pelo despacho, declararia guerra à Prússia em 19 de julho.
Napoleão III declara precipitadamente guerra à Prússia. Bismarck dela tem necessidade para reforçar a unidade prussiana para formar o II Reich de toda a Alemanha. Bismark havia alterado o propósito da mensagem exatamente para provocar Napoleão III. Este, longe de possuir a clarividência de seu tio, reagiu bruscamente quando seu exército não estava pronto para a guerra. A aliança germano-prussiana mobiliza 800 mil homens contra 250 mil franceses. A Guerra Franco-prussiana seria expedita. Em um mês e meio, os exércitos prussianos capturaram Napoleão III em Sedan e marcharam sobre Paris.
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A vitória da guerra franco-prussiana reforçaria o chanceler Bismarck e lhe permitiria unificar os Estados alemães em torno da Prússia
O exército dos príncipes da Prússia e da Saxônia cercam Sedan. Uma parte do exército francês que tentara reforçar suas tropas em Bazaine e Metz é obrigada a se retrair. Cortado em dois e inferior em número, as tropas francesas nada podem contra os prussianos. Napoleão III presente na cidade capitula e é feito prisioneiro. Em Paris, a Assembleia Nacional proclamaria então o fim do império e o nascimento da III República três anos mais tarde. O imperador se exilaria na Inglaterra onde morreria.
Em 19 de setembro de 1970 a capital Paris é cercada pelas tropas prussianas. A cidade é bombardeada todos os dias. Os homens válidos, sob o comando de Gambetta, são alistados para afrouxar o cerco que iria durar cinco meses, debaixo de frio e fome, malgrado as diversas tentativas de fuga dos parisienses. A França capitula em 28 de janeiro de 1871.
Ainda quando a guerra franco-prussiana não estivesse formalmente encerrada, os representantes dos Estados alemães se reuniram na Galeria dos Espelhos do Castelo de Versalhes e proclamam império alemão o II Reich. O rei da Prússia, Guilherme, torna-se o novo imperador sob o nome de Guilherme I. O império germânico se compunha então da Prússia, da Bavária, de Wurtemberg e da Saxônia. A unidade política da Alemanha é conquistada. O armistício seria assinado 10 dias mais tarde no mesmo local.
Comuna de Paris
Entre a capitulação de Paris em 28 de janeiro e a assinatura do Tratado de Frankfurt em 10 de maio assume a cidade um governo insurrecional, principalmente de operários, conhecida como a Comuna de Paris. A Comuna domina Paris de março a maio.
Nascida inicialmente de um sentimento patriótico fruto da guerra franco-alemã de 1870, assume rapidamente aspectos de um movimento revolucionário. Mesclando blanquistas, proudhonistas e jacobinos, aspirava a uma república baseada na igualdade social. Todavia, por falta de consenso, de tempo, de meios materiais, mas também porque deveria confrontar-se com o governo instalado em Versalhes, viu-se finalmente derrotada.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.