Embora o Império Alemão já existisse formal e juridicamente, é em 18 de janeiro de 1871 que ocorre a proclamação do rei da Prússia, Guilherme I, como imperador. A solenidade, que ocorreu na cidade francesa de Versalhes, entrou para a história como o dia da fundação de um moderno estado-nação reunido sob Berlim – o II Reich.
Aos 71 anos, o monarca da dinastia dos Hohenzollern celebrava sua nomeação ao lado de muitos príncipes alemães e numerosos militares de alto escalão. Um coral encerrou a cerimônia religiosa encomendada pelos soberanos no palácio real de uma França já praticamente derrotada. Mas não é a missa em ação de graças que comemoravam. Vieram para concretizar o velho sonho alemão, o sonho do Reich.
O estabelecimento do Império era basicamente obra de longos anos de trabalho e convencimento de Otto von Bismarck, primeiro-ministro prussiano e primeiro chanceler (chefe de governo) do Império recém-fundado.
Demorou muito até que a colcha de retalhos, com seus pequenos principados e reinos, formasse um estado nacional único. O reino teve que travar duas guerras para atingir seu objetivo: em 1866, contra a Áustria, e em 1870 e 1871, contra a França.
Na guerra contra a França, Bismarck conseguiu despertar o entusiasmo nacional que lhe permitiu conquistar a adesão dos principados que ainda resistiam à unificação. No final de 1870, a Liga Setentrional Alemã rebatizou-se como Império restando apenas a adesão do rei Ludwig da Bavária.
Na última noite de 1870, o príncipe herdeiro da Prússia e futuro rei Frederico III escreveu: “o imperador declarou não desejar fazer qualquer manifestação amanhã porque a Bavária ainda não aderiu. Por outro lado, Delbrück comunicou que, hoje à noite, já estará impressa em Berlim a nova Constituição Imperial, que entrará em vigor amanhã, proclamando o Império e o imperador. Bismarck, que eu encontrei na cama e cujo quarto mais parece um verdadeiro depósito de tralha, desaconselhou uma proclamação sem a adesão da Bavária. Então o remeti à histórica data de 18 de janeiro, com o que ele pareceu concordar”.
Não haveria data melhor para celebrar este marcante episódio da história germânica. Nesse dia, 170 anos antes, em 1701, o príncipe eleito de Brandemburgo foi coroado o primeiro rei da Prússia. Desde então, a data era lembrada todos os anos.
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Cena da proclamação de Guilherme I como imperador alemão em Versalhes
Política externa
Nessa época, a Alemanha passou por um dinâmico crescimento econômico, fruto da forte industrialização dos setores de mineração, metalurgia e das engenharias elétrica, mecânica e química. No Gründerzeit (período de fundação), a política externa do imperador Guilherme I garantiu a posição do Império Alemão como grande potência europeia ao estabelecer alianças comerciais e políticas com outros países.
Guilherme II, contudo, adotou uma postura imperialista de atrito com países vizinhos ao isolar a França diplomaticamente. Isso fez com que grande parte das alianças não fosse renovada. A França, em especial, firmou a ‘entente cordiale’ com o Reino Unido, garantindo também laços com o Império Russo. Além de contatos com o Império Austro-húngaro, pouco restava a cada vez mais solitária Alemanha.
A Conferência de Berlim de 1884-1885 dividiu a África entre as potências européias e o Império ultrapassou suas fronteiras, reivindicando sua cota colonial no continente. A Alemanha obteve a África Oriental, o Sudoeste Africano, Togo e Camarões.
Também nesse dia:
1701 – Nasce o Reinado da Prússia no seio do Sacro Império Romano Germânico
1919 – Começa a convenção do Tratado de Versalhes
1936 – Morre Rudyard Kipling, o poeta que glorificou o Império Britânico na Índia
1943 – Nazistas retomam as deportações de judeus do Gueto de Varsóvia para o campo de extermínio de Treblinka