O bacteriologista francês de origem suíça, Alexandre Yersin, descobre em 20 de junho de 1894 o bacilo da peste bubônica (Yersinia pestis) em Hong Kong.
Ele identifica também o rato como o vetor da epidemia. De regresso a Paris no ano seguinte desenvolveria com Albert Calmette e Emile Roux uma vacina e um soro contra a peste. Fundaria diversas filiais do Instituto Pasteur no Vietnã, vindo a se tornar diretor honorário de Instituto Pasteur de Paris em 1933.
Yersin nasceu em 1863 em Lavaux, Cantão de Vaud, na Suiça. Entre 1883 e 1884, estudou medicina em Lausane, Suíça, e depois em Marburgo, na Alemanha, e em Paris (1884-1886). Em 1886, ingressou como assistente no laboratório de investigação Louis Pasteur na École Normale Supérieure, a convite de Emile Roux, participando do desenvolvimento do soro contra a raiva.
Em 1888, recebeu o doutorado com sua tese Estudo sobre o Desenvolvimento do Tubérculo Experimental. Passou dois meses com Robert Koch, o descobridor do bacilo da tuberculose, na Alemanha. Uniu-se ao então recentemente criado Instituto Pasteur em 1889 como colaborador de Roux e com ele descobriu a toxina diftérica, produzida pelo bacilo Corynebacterium diphtheriae.
Para poder estudar medicina na França, Yersin solicitou e obteve a nacionalidade francesa em 1888. Pouco depois partiu para a Indochina francesa, no Sudeste Asiático como médico na companhia de Mensagería Marítima.
Em 1894, Yersin foi enviado, a pedido do governo francês e do Instituto Pasteur, a Hong Kong a fim de pesquisar a epidemia que ali se espalhava. Em uma pequena cabana, próximo ao instituto, tendo ao seu lado o cientista japonês Kitasato Shibasaburo, fez sua grande descoberta do patogênico causador da peste.
Wikimedia Commons
Especialista descobriu bacilo da peste bubônica (Yersinia pestis) em Hong Kong
Demonstrou pela primeira vez que o mesmo bacilo estava presente tanto no rato quanto no ser humano, sublinhando assim a possível via de transmissão. Esta importante descoberta foi comunicado à Academia Francesa de Ciências no mesmo ano, por seu colega Emil Duclaux, num documento intitulado A Peste Bubônica em Hong-Kong.
A partir de 1895 até 1897, Yersin aprofundou seus estudos sobre a peste bubónica. Em 1895, regressou ao Instituto Pasteur em Paris e com Émile Roux, Albert Calmette e Armand Borrel, preparou o primeiro soro anti-peste. No mesmo ano, regressou à Indochina, onde instalou um pequeno laboratório em Nha Trang, com a finalidade de fabricar o soro.
Em 1905, o laboratório local passou a ser um braço do Instituto Pasteur. Yersin testou o soro recebido de Paris em Cantão e Anoy em 1896, e em Bombaim, Índia, em 1897, com resultados desalentadores. Tendo decidido ficar em seu país de adopção, participou ativamente na criação da Escola de Medicina de Hanói em 1902, e foi seu primeiro diretor, até 1904.
Yersin interessou-se também pela agricultura, tendo sido pioneiro na cultura de seringueiras importadas do Brasil (Hevea brasiliensis). Com este propósito, obteve em 1897 uma concessão do governo para estabelecer uma estação agrícola em Suoi Dau.
Também abriu uma nova estação em Hon Ba em 1915, onde tentou aclimatar naquele país à árvore de quinino (Cinchona ledgeriana), que tinha sido trazida dos Andes, América do Sul pelos espanhóis e que produzira o primeiro remédio eficiente para tratar a malária.
Alexandre Yersin é muito lembrado no Vietnã e conhecido afetivamente como Ông Năm (Mr. Nam/Quinto). Depois da independência do país, os logradouros públicos em sua honra mantiveram o nome.
A tumba em Suoi Dau foi enfeitada com um pagode em que se realizavam ritos em seu culto. A casa de Yersin em Nha Trang é hoje um museu, e o epitáfio sobre sua tumba descreve-o como um “Benfeitor e humanista, venerado pelo povo vietnamita”. Em Hanói, um liceu francês leva seu nome.
Em 1934, foi nomeado diretor honorário do Instituto Pasteur e membro de sua Junta de Administração. Morreu durante a Segunda Guerra Mundial em sua casa em Nha Trang, em 1943.