O filósofo alemão Friedrich Engels faleceu em Londres em 5 de agosto de 1895.
Engels nasceu em 1820 em Barmen, que pertencia à Prússia. Oriundo de uma família da burguesia industrial, Engels observa e conhece desde jovem as penosas condições de vida dos trabalhadores, tanto na Alemanha como na Inglaterra. Aos 18 anos, optou por abandonar o liceu para empregar-se no comércio de Bremen.
Como fruto de sua experiência, chega a posições teóricas e políticas revolucionárias. Engels foi o primeiro a declarar que o proletariado não é só uma classe que sofre, mas que a miserável situação em que se encontra obriga-o a lutar pela sua emancipação. Segundo ele, o movimento político da classe operária levaria os operários à consciência de que não há para eles outra saída senão o socialismo.
Estas ideias novas foram expostas em obra de enorme repercussão, escrita em estilo cativante onde abundam os quadros mais impressionantes da miséria do proletariado inglês, consistindo numa terrível acusação ao capitalismo e à burguesia: trata-se da obra “A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra”, de 1845.
Este livro é sua primeira análise de uma situação histórica, cujas formas de existência e de luta social são explicáveis em virtude das condições econômicas dominantes.
A obra de Engels postula a necessidade de uma transformação radical. E sua atitude intelectual diferencia-se daquela adotada por Karl Marx: enquanto Engels se centra no caráter concreto dos fenômenos, Marx o fará com alto nível de abstração. Porém, da dedicação de ambos à luta política surge o Manifesto do Partido Comunista, de 1848, e a constituição, dois anos mais tarde, de uma Associação Internacional de Trabalhadores.
Seus estudos de filosofia levaram-no a se aproximar do filósofo Georg W. F. Hegel. A fé de Hegel na razão humana e o princípio fundamental da filosofia hegeliana segundo o qual o mundo é teatro de um processo dialético permanente de mudança e desenvolvimento conduziram os discípulos do filósofo berlinense à ideia de que a luta contra a iniquidade existente e o mal reinante também procede da lei universal do desenvolvimento permanente. A filosofia de Hegel, que tratava do desenvolvimento do espírito e das ideias, era idealista.
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Engels foi parceiro de Karl Marx nas formulações teóricas e na luta política
Retomando a ideia hegeliana do processo dialético, Karl Marx e Engels rejeitaram a concepção idealista, e ao analisar a vida real, viram que não é o desenvolvimento do espírito que explica o da natureza, mas, ao contrário, é necessário explicar o espírito a partir da natureza, da matéria. Partindo de uma concepção materialista do mundo e da humanidade, verificaram que, tal como todos os fenômenos da natureza têm causas materiais, igualmente o desenvolvimento da sociedade é condicionado pelas forças materiais, as forças produtivas.
Destas dependem as relações que se estabelecem entre os homens no processo de produção dos bens necessários à satisfação humana e são estas relações que explicam todos os fenômenos da vida social, as aspirações, as ideias e as leis.
A aproximação entre Marx e Engels se deu em 1844, quando Engels passava por Paris. Lá conheceu Marx, com quem já se correspondia. Foi aí que os dois escreveram em conjunto “A Sagrada Família”. O livro continha as bases do socialismo materialista revolucionário.
Ao publicar seu “Estudo Crítico sobre a Economia Política” contribuiu para que Marx decidisse ocupar-se do estudo da economia política, ciência em que os seus trabalhos iriam operar uma verdadeira revolução.
A revolução de 1848, que rebentou primeiro em França e se propagou aos outros países da Europa ocidental, permitiu a Marx e Engels regressarem à sua pátria. Aí tomaram a direção da Nova Gazeta Renana, folha que se publicava em Colônia. O jornal foi mais tarde proibido. Marx, privado da nacionalidade prussiana, expulso. Quanto a Engels, tomou parte na insurreição popular e, após a derrota dos insurretos, fugiu para Londres.
Marx foi se fixar em Londres e Engels passou a ser sócio da empresa do pai em Manchester. Em 1870, Engels veio morar em Londres, e a vida intelectual conjunta prosseguiu até 1883, data da morte de Marx.
Marx morreu sem ver publicada a totalidade de “O Capital”. Baseado nos rascunhos deixados por seu amigo, Engels assumiu a pesada tarefa de redigir e publicar os tomos II em 1885 e III em 1894 – não teve tempo de redigir o tomo IV. Estes dois tomos são, com efeito, obra de ambos. Apesar disso, Engels escreveu a um velho amigo: “Ao lado de Marx, fui sempre o segundo violino”. Seu carinho por Marx e a veneração à memória do amigo foram irrestritos.
Após a morte de Marx, Engels, sozinho, continuou a ser o conselheiro e o dirigente dos socialistas da Europa. Todos eles queriam recorrer ao rico tesouro dos conhecimentos e experiência de Engels.