Os primeiros exemplares do clássico e afamado romance de vampiros Drácula, de autoria do escritor irlandês Abraham ‘Bram’ Stoker, apareceram nas bancas das livrarias londrinas em 26 de maio de 1897.
Em meio a uma infância desvalida, Stoker cresceu para se tornar uma estrela da equipe de futebol do Trinity College, em Dublin. Após sua graduação, conseguiu um emprego de serviços gerais no Castelo de Dublin, onde trabalhou nos dez anos que se seguiram, época em que colaborou com o jornal Dublin Mail como crítico de teatro. No exercício dessa função, tornou-se amigo do respeitado ator Sir Henry Irving, que o contratou para ser seu empresário. Stoker permaneceu como agente do artista por mais de três décadas, respondendo por ele a volumosa correspondência de Irving e acompanhando-o em turnês pelos Estados Unidos. No curso desses anos, Stoker começou a escrever várias histórias de horror para distintas revistas e em 1890 publicou seu primeiro romance, The Snake’s Pass.
Stoker publicaria um total de 17 romances, mas foi o seu romance Drácula, de 1897, que finalmente lhe trouxe fama literária, tornando-a conhecida como uma obra-prima da literatura de terror da Era Vitoriana. O livro tem a forma de um diário narrado pelos principais personagens: Jonathan Harker, que encontra o vampiro em seu castelo, sua noiva Mina, o médico John Seward e Lucy Westenra, vítima de Drácula transformada em vampira.
Liderados pelo médico holandês Van Helsing, Harker e seus amigos enfrentam e matam a terrível criatura. Drácula é a história de um vampiro que viaja da Transilvânia (uma região do Leste Europeu, hoje Romênia) a Yorkshire, na Inglaterra, e ali faz de inocentes suas presas para sugar-lhes o sangue de que precisa para sobreviver. De início, Stoker deu ao vampiro o nome de “Conde Vampiro”. O nome Drácula ele encontrou num livro sobre a Valáquia e a Moldávia escrito pelo diplomata aposentado William Wilkinson, que ele pegou emprestado de uma biblioteca pública de Yorkshire durante as férias de sua família.
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A "draculamania" cresceu vertiginosamente com o enorme sucesso do filme "O Conde Drácula"
Na trama da obra, a ciência mistura-se à ficção. Van Helsing, por exemplo, submete Lucy à transfusão sanguínea, para salvá-la do vampiro. Trata-se de uma novidade na época. Quando Drácula foi escrito, a Europa experimentava as primeiras transfusões. Stoker tinha dois irmãos médicos e conhecia os avanços da medicina de sua época, só não sabia das diferenças entre os grupos sanguíneos, que só seriam descobertas em 1900 pelo médico austríaco Karl Landsteiner. Por isso, Van Helsing fez transfusões preocupando-se apenas com a saúde do doador, sem pensar na incompatibilidade com o tipo sanguíneo de Lucy.
Vampiros, que abandonam seus túmulos à noite para beber o sangue de seres humanos, eram figuras populares em contos folclóricos de épocas passadas, porém o romance de Stoker catapultou-as para uma das correntes principais da literatura do século XX. Por ocasião de seu lançamento, Drácula gozou apenas de um moderado sucesso.
As vendas começaram a crescer nos anos 1920, quando o romance foi adaptado para o teatro na Broadway. A “draculamania” cresceu vertiginosamente com o enorme sucesso do filme O Conde Drácula do estúdio Universal, em 1931, dirigido por Tod Browning e estrelado pelo ator húngaro Béla Lugosi. Dezenas de filmes, programas de televisão e literatura, tendo por tema vampiros, surgiram, embora Lugosi, com o seu exótico sotaque, permanece até hoje como a quintessência do Conde Drácula.
Também nesta data:
1755 – Contrabandista que desafiou absolutismo francês é executado
1797 – Gracchus Babeuf e Darthé são guilhotinados em Vendôme
1882 – Formada a Tríplice Aliança na Europa
1896 – Nicolau II da Rússia é coroado
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.