Em 26 de julho de 1908, o Federal Bureau of Investigation (FBI) é criado nos Estados Unidos, quando o Procurador Geral do país, Charles Bonaparte, ordena que um grupo de recém-contratados investigadores federais se reportem ao Investigador-Chefe, Stanley Finch, do Departamento de Justiça.
Um ano mais tarde, o Escritório do Investigador-Chefe foi renomeado de Bureau of Investigation e, em 1935, tornou-se o FBI.
Quando o Departamento de Justiça foi criado em 1870 para fazer cumprir a lei federal e coordenar a política judicial não havia investigadores permanentes em seu quadro.
Surgimento do FBI
A princípio, contratavam-se detetives particulares quando se necessitava deslindar crimes federais, depois se tomava emprestado investigadores de outras agências federais, como o Serviço Secreto, que foi criado pelo Departamento do Tesouro em 1865 para investigar falsificações.
No começo do século 20, o Procurador Geral foi autorizado a contratar alguns investigadores em caráter permanente, e o Escritório do Investigador-Chefe, que consistia principalmente de contadores, foi criado para revisar as transações financeiras das cortes de justiça federais.
Para formar um braço investigativo mais eficiente e independente, o Departamento de Justiça contratou, em 1908, 10 antigos funcionários do serviço secreto a fim de se juntar ao Escritório. Em março de 1909, o quadro já somava 34 agentes, e o Procurador Geral, George Wickersham, sucessor de Bonaparte, renomeou-o como Bureau of Investigation (Escritório de Investigação).
O governo federal usou a entidade como instrumento para investigar criminosos que se evadiam de processos ao atravessar os limites dos estados. Em poucos anos, o número de agentes havia crescido para mais de 300.
A agência enfrentou alguma oposição do Congresso que temia que sua autoridade pudesse levá-la ao abuso de poder. Com a entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial em 1917, atribuiu-se ao FBI a responsabilidade de investigar os que resistiam à conscrição militar, os violadores da Lei de Espionagem e os imigrantes suspeitos de anarquismo ou comunismo.
Entrementes, J. Edgar Hoover, um advogado e ex-bibliotecário, passou a integrar os quadros do Departamento de Justiça em 1917 e em menos de dois anos tornou-se o assistente especial do Procurador Geral, Mitchell Palmer. Profundamente antirradical em sua ideologia, Hoover postou-se à frente da campanha contra a “Ameaça Vermelha” de 1919 a 1920.
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FBI foi criado a partir da necessidade de investigadores federais no Departamento de Justiça dos EUA
Montou um sistema de indexação em que listava todo líder, organização ou publicação que considerasse radical e já em 1921 acumulava cerca de 450 mil fichas. Mais de 10 mil suspeitos de simpatia ao comunismo foram presos durante esse período. Embora esta ação tenha sido criticada, Hoover manteve-se ileso e em 10 de maio de 1924, foi nomeado diretor do ‘Bureau of Investigation’.
Durante os anos 1920, com aprovação do Congresso, Hoover reestruturou radicalmente o FBI. Montou uma eficiente máquina de combate ao crime, estabelecendo um sistema centralizado de impressões digitais, um laboratório criminológico e uma escola de treinamento de agentes.
Nos anos 1930, lançou uma dramática batalha contra o crime organizado trazido pela Lei Seca. Gangsters notórios como George “Metralhadora” Kelly e John Dillinger foram abatidos pelos projeteis dos agentes do FBI, enquanto outros, como Louis “Lepke” Buchalter, o esquivo chefe da gang Murder, Inc., foram investigados e levados à justiça pelos “G-men”. Hoover, que tinha uma queda por relações públicas, participou pessoalmente de inúmeras prisões, fartamente anunciadas. Com isso, passou a ser louvado pelos congressistas e pela opinião pública.
Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, o FBI retomou as técnicas de contra-espionagem, desenvolvidas durante a primeira “Ameaça Vermelha”. Grampos telefônicos e outros meios de vigilância eletrônica expandiram-se enormemente.
Após a guerra, Hoover centrou-se na “ameaça de subversão comunista”. O FBI compilou fichas de milhões de cidadãos suspeitos de atividades dissidentes. Hoover trabalhou estreitamente com o Comitê de Atividades Anti-americanas e com o senador Joseph McCarthy, o arquiteto da segunda “Ameaça Vermelha”.
Em 1956, Hoover deu início a um programa secreto de contra-inteligência, Cointelpro, tendo inicialmente como alvo o Partido Comunista, mais tarde expandindo-se para se infiltrar e dissolver qualquer organização suspeita.
Os imensos recursos desse programa foram utilizados nos anos 1960 contra organizações de direitos civis e manifestações contra a guerra do Vietnã. Uma figura especialmente visada foi Martin Luther King que mereceu sistemático assédio do FBI.
No final da década, a mídia, o público e o Congresso levantavam críticas de que o FBI abusava de seu poder. Hoover assistiu à aprovação de uma lei que obrigava a confirmação pelo Senado do nome do diretor-geral do FBI e limitando seu mandato a um máximo de 10 anos. Em 2 de maio de 1972, J. Edgar Hoover morreu do coração aos 77 anos.