Sexta-feira, 18 de abril de 2025
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Paavo Nurmi morreu em Helsinki em 2 de outubro de 1973. Mereceu funerais de Estado que tiveram lugar na praça da Velha Igreja da capital finlandesa. Nurmi é considerado por muitos como o maior corredor de todos os tempos, conhecido como o “Finlandês Voador”.

Gostava de correr e tinha uma vontade de ferro de ser bem-sucedido na vida. Para ele, a corrida foi o meio de ganhar reconhecimento dos colegas e alcançar os altos padrões que estabeleceu para si mesmo.

Em 1912, Hannes Kolehmainen “pôs a Finlândia no mapa do mundo” ao ganhar três medalhas de ouro em provas longas nos Jogos Olímpicos de Estocolmo, que deixaram forte impressão no jovem de 15 anos.

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Em três Jogos Olímpicos – 1920 (Antuérpia), 1924 (Paris) e 1928 (Amsterdã) – ganhou um total de nove medalhas de ouro e três de prata. Nurmi nasceu em Turku em 13 de julho de 1897, e é lá onde seu corpo está enterrado. 

Logo depois, ganhou seu primeiro par de sapatilhas e começou a treinar seriamente.  Com 1,74 m de altura e 65 quilos, tinha o protótipo de um corredor de longa distância. Em termos de treinamento básico, foi um autodidata. O trote, a corrida e a ginástica calistênica eram os principais elementos de seu duro regime de treinamento. Aprendeu a cronometrar seus tempos e jamais correu sem ter o cronômetro no pulso.

Em sua primeira corrida olímpica, os cinco mil metros, terminou com uma amarga derrota para o francês Joseph Guillemot. Foi a única vez que perdeu uma final olímpica. Nos dias seguintes ganhou os 10 mil metros e a corrida cross-country.  Nos três anos que se seguiram a Antuérpia, Nurmi reinou absoluto nas corridas de longa distância.

Em 22 de junho de 1921, estabeleceu em Estocolmo seu primeiro recorde mundial: 30 minutos e 40 segundos nos 10 mil metros. Viria a quebrar novos recordes nas distâncias de 1.500 a 10 mil metros. No final de 1923, Nurmi detinha os recordes mundiais nas distâncias da milha (1609 metros), cinco mil e 10 mil metros. Ninguém, antes ou depois havia atingido tal proeza.

Nurmi é considerado por muitos como o maior corredor de todos os tempos; para ele, a corrida foi meio de ganhar reconhecimento de colegas e alcançar altos padrões

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Os Jogos da 8ª Olimpíada, em Paris (1924), foram o auge do atletismo finlandês e de Nurmi em especial. Em seis dias ganhou cinco medalhas de ouro, três individuais e duas coletivas. Seu feito mais legendário foi ganhar os 1500 e os cinco mil metros com menos de duas horas entre as duas provas. 

A revista francesa Miroir des Sports escreveu: “Paavo Nurmi vai além dos limites do homem”. Realizou uma longa turnê nos Estados Unidos em 1925 em que ganhou 53 de 55 corridas (abandonou uma e perdeu outra). Mas detinha os recordes mundiais: 1.500 metros (3min52s6); 5 mil metros (14min28s2) e 10 mil metros (30min06s2).

Aos 31 anos, já não tinha grande expectativa para os Jogos seguintes. No entanto, decidiu ir a Amsterdã. Lá ganhou os 10 mil metros, chegando em segundo nos 5 mil e nos 3 mil metros steeplechase (com obstáculos). No outono de 1928, em uma entrevista a um jornal sueco, disse: “É definitivamente minha última temporada”.

“Corri durante 15 anos e já é o bastante”, dizia. Contudo, quebrou o recorde mundial das 6 milhas (9.654 metros) em Londres e dos 20 quilômetros em Estocolmo em setembro. No começo de 1932, Nurmi treinou duro para o seu quarto Jogos Olímpicos de Los Angeles, mais determinado que nunca. Sua maior ambição era coroar a carreira com uma medalha de ouro. Naquela primavera, porém, foi suspenso das competições internacionais.

Veja outros fatos marcantes desta data:
1187 – Saladino recupera Jerusalém para os muçulmanos
1950 – Publicação da primeira tira de Charlie Brown
1958 – Independência da Guiné da França
1992 – Ocorre o massacre do Carandiru em São Paulo

Encerrada a carreira, Nurmi tornou-se um homem de negócios, e empreiteiro de construções. Acumulou considerável fortuna. Em uma viagem aos Estados Unidos para arrecadar fundos para o seu país durante a Segunda Guerra Mundial, esteve acompanhado de Taisto Mäki, por ele treinado, e primeiro homem a baixar os 30 minutos nos 10 mil metros.

Já no pós-guerra, os Jogos da 15ª Olimpíada foram abertos em Helsinki, em 19 de julho de 1952. A identidade do corredor, portando a tocha olímpica e que iria acender a pira, foi mantida em segredo até a cerimônia de abertura. 

Quando o placar elétrico do Estádio Olímpico exibiu o texto: “A tocha olímpica está sendo trazida por Paavo Nurmi”, o público a princípio emudeceu. Quando Nurmi entra no estádio, 70 mil pessoas explodiram em entusiasmo e lágrimas. Ele havia se recuperado de trombose coronariana no final dos anos 1950.

Trabalhou até 1967, quando sofreu outro ataque. Em 1968, Nurmi criou uma fundação para tratar de doenças coronarianas. Cinco anos depois, morre aos 76 anos.

(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.