Jean William Fritz Piaget, psicólogo, biólogo, epistemólogo e filósofo suíço, conhecido por seus trabalhos em psicologia do desenvolvimento e na epistemologia genética, morre em Genebra em 16 de setembro de 1980.
Piaget estudou como se desenvolve o mundo real, com a aquisição da palavra, do número, do símbolo pela observação direta das crianças (método direto) e a experimentação com objetos precisos e diálogos com a criança (método ativo).
Levantou diversos questionamentos: Qual é a diferença entre o pensamento da criança e o do adulto? Qual é a visão de mundo da criança e sua explicação dos fenômenos? Que filiações levam de uma estrutura de pensamento a uma outra?
Após um período de observações de seus três filhos na primeira idade, Piaget concluiu que a inteligência não é uma faculdade mental entre outras, mas uma modalidade de uma função mais geral, a adaptação, por ele definida como o estado de equilíbrio máximo entre um organismo vivo e o meio. Essa adaptação se adquire segundo distintas formas ou estruturas. Assim, a adaptação mental é um prolongamento da adaptação biológica.
As operações cognitivas são diferentes segundo os níveis de desenvolvimento. É a realização de um sistema integrativo, cada operação ligada completamente à outra. Cada estrutura nova que aparece integra as precedentes como subestruturas.
Universidade de Michigan
Jean Piaget, psicólogo, biólogo, epistemólogo e filósofo suíço na Universidade de Michigan, em 1968
Jean Piaget distinguia 4 estágios de inteligência:
1) Inteligência sensorial-motriz, que se desenvolve de 0 a 2 anos:
Antes da linguagem, a inteligência do bebê é baseada na ação do corpo sobre o meio, feita de acertos e erros. É um estágio experimental titubeante e não conceitual, dividido em seis subestágios: de 0 a 1 mês – utilização de montagens reflexas. O bebê utiliza os reflexos biológicos e a experiência leva a um começo de assimilação.
Desse modo, entre dois titubeios, o bebê vai chupar seu dedo polegar, uma ponta do pano. O esquema da sucção se amplia. Porém, entrementes há a recognição do esquema da sucção, pois nele reconhece o objeto original. É o mês de adaptação reflexa ao meio; de 1 a 4 meses – primeiros hábitos. São as primeiras adaptações adquiridas e o surgimento dos primeiros comportamentos motores (fixação do olhar, perseguição ocular …); de 4 a 8 meses – adaptação intencional.
A criança descobre a resistência e a permanência de certos objetos. Há a intencionalidade no comportamento; de 8 a 12 meses – coordenação de esquemas secundários. A criança age sobre o meio coordenando visão, tato e audição.
De 12 a 18 meses – melhor apropriação do corpo. A criança é capaz de adaptar os meios aos fins. Sua conduta parecerá cada vez mais imprevisível, personalizada. É capaz de manipular situações, utilizar um objeto para pegar outro; de 18 a 24 meses – combinações mentais. A criança passa da tentativa empírica à combinação mental, da descoberta à invenção, do esquema motor ao esquema representativo.
2) Inteligência pré-operatória:
Diz respeito à idade entre 2 e 7 anos. É o período do pensamento simbólico em que se desenvolvem a imitação, a representação, a realização de atos fictícios. Um objeto pode se tornar o substituto, o representante de outro objeto. Os jogos simbólicos serão os meios de adaptação intelectual e afetiva. A criança se transforma, inventa. Há a comunicação pela linguagem, dominada pelo egocentrismo intelectual. O pensamento não é reversível, mas intuitivo, mágico, sem antes nem depois.
3) Operações concretas:
A criança tem então de 7 a 11 anos. É capaz de se descompor nos domínios cognitivo e moral. Seu pensamento se socializa. Leva em conta o conselho de outros. É o começo da causalidade. A criança pode classificar, agrupar. Concebe as modificações e a reversibilidade. É permeável ao arrazoamento, insere-se numa temporalidade, raciocina de maneira concreta valendo-se de sua própria experiência.
4) Operações formais:
É o período que vai dos 11 anos à idade adulta. O adolescente é adulto biológica e intelectualmente, porém continua sendo uma criança afetivamente. É o estágio das operações lógicas, abstratas, do raciocínio por hipóteses e deduções. A combinação das ideias substitui o raciocínio progressivo, utilizado no estágio precedente. Essas operações são ligadas a uma linguagem mais móvel e conduzem à construção de sistemas e não à busca de soluções imediatas. O indivíduo elabora então a representação de uma representação.
O progresso intelectual existe graças a dois mecanismos opostos complementares: assimilação e acomodação. Assimilação é a incorporação das experiências novas dentro das estruturas existentes; acomodação é a modificação das estruturas existentes, provocadas por experiências novas.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.